Em busca da luz - Maçonaria ...
Dar à luz”, frase muito usada pelas parteiras no acontecimento do nascimento de uma criança.
Fulana deu à luz a um (a) menino(a), um rebento. Uma felicidade para a família.
Nas casas antigas, especialmente na zona rural, figurava em toda parte as casas de taipa ou de pau-a-pique. Com o clarear do dia e o desempoleiramento das aves cantarolando de alegria pelo novo dia era comum a luz penetrar pelas frestas e buracos da parede. E as crianças, assim como as aves, ávidas para levantar e com alegria recebendo o novo dia já que foram dormir cedo como preceitua o ditado popular “dormir com as galinhas”, logo ao escurecer do dia.
No princípio, Deus criou o Céu e a Terra sem forma. E disse Deus: “Faça-se a Luz”. A Terra estava vazia, as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.
Então a Luz é a própria criação que fez gerar todas as coisas.
Na Maçonaria também a expressão “Faça-se a Luz” nos traz um significado auspicioso, pois o profano, depois de purificar o nosso estado mental na reflexões a ele ministrado nada mais extraordinário descortina um mundo novo, repleto de Luz, onde reflete a Luz interior com o exterior, explicitando labor, sabedoria e a vida plena, tornando menos amena a caminhada pelas subidas e descidas da Vida cotidiana e também a favor do bem estar da humanidade, a seguir passo artigo, mais relevante do irmão Walber Gonçalves de Souza, publicado na Revista Consciencia edição 137 de 2019, como segue:
“ A luz foi o início de tudo. Independentemente de qualquer versão sobre a criação e/ou surgimento das coisas da vida, ela é mencionada. Para os cientistas o Big Bang, considerado a grande explosão luminosa, marca o início da história do Universo e, por consequência, dos planetas e seres. Para os religiosos a luz foi uma das primeiras criações divinas e dela a divisão entre o bem (luz) e o mal (trevas).
Continuando o viés religioso, recordo-me de uma citação do padre Antônio Vieira, que dizia: “Há homens que são como as velas; sacrificam-se, queimando-se para dar luz aos outros”. Na Bíblia, como em qualquer outro livro religioso, a presença da palavra luz é uma constante, sendo que na maioria das vezes de forma simbólica e merecedora de reflexões metafóricas.
Na filosofia, desde Platão na famosa Alegoria da Caverna, a luz deveria ser uma busca incessante dos seres humanos, pois ela é metaforicamente comparada com a sabedoria, com o conhecimento. Quem encontra a luz, encontra o saber. Da mesma forma, segundo o mito, quem encontra a luz (conhecimento) também corre o risco de ser morto pelos que vivem nas trevas (ignorantes). Como disse Antônio Costa: “Só quem está acostumado na escuridão, indigna-se com quem lhe acende uma luz”. Um paradoxo estranho, mas real.
O século XVIII é considerado o Século das Letras, pois neste momento histórico uma gama de teorias conhecidas como Iluminismo revolucionou o mundo, modificando estruturas sociais, possibilitando mudanças na forma de pensar e agir. As luzes, que simbolizavam o conhecimento, deveriam iluminar os novos rumos das sociedades. Dentre os filósofos iluministas, Voltaire ousou dizer já naquele século uma grande verdade, que poderia ser questionada por muitos, mas que não deixa de ser repleta de luz: “É mais claro que o sol que Deus criou a mulher para domar o homem”.
Nem a biologia escapa da luz, primeiro porque não há vida sem luz, as plantas precisam dela para realizar a fotossíntese e, por consequência, tornarem-se alimentos para os demais seres, movendo assim, a cadeia alimentar. E segundo, porque um dos atos mais belos da humanidade, o parto, é comparado ao ato de dar à luz.
O ser humano necessita desejar a luz, sair das trevas. Buscar a luz deveria ser uma constante, um ato contínuo, prazeroso e essencial. Encontrá-la é o ápice da própria essência do ser. Se formos de fato animais racionais, a racionalidade só acontece quando iluminada. Ao contrário, uma racionalidade apagada provocará atos danosos ao próprio ser e a todos que estão ao seu redor.
A luz ilumina nossas escolhas; permite visualizarmos o nosso ambiente com mais clareza; induz à bondade, à tolerância, ao desejo do bem para si e para os outros. O ser que busca a luz acredita na vida e em si próprio. Martin Luther King disse, fazendo uma analogia muito pertinente e iluminada: “A escuridão não pode expulsar a escuridão, apenas a luz pode fazer isso. O ódio não pode expulsar o ódio, só o amor pode fazer isso”.
Termino essa reflexão com um pensamento de Carl Gustav Jung: “Até onde conseguimos discernir, o único propósito da existência humana é acender uma luz na escuridão da mera existência”. Por isso, quando alguém ou a nossa própria consciência perguntar o que queremos, não hesitemos em responder: queremos a luz.
(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e membro da Academia Maçônica de Letras do Leste de Minas e obreiro da ARLS Caratinga Livre n° 0922”
Por José Pedroso