Fujimori dissolveu a Corte Suprema
Oriundo da aldeia Kumamoto, no Japão, Naoichi Fujimori emigrou para Paramonga, no Peru, distante 200 km de Lima, no ano de 1920, e trabalhou na cultura do algodão. Anos depois, mudou-se para a cidade de Huacho e passou a trabalhar de alfaiate. Em uma visita ao Japão, Naiochi casou-se com Mutsue Inomoto, uma jovem de sua aldeia, retornou ao Peru, em 1934, e o casal foi morar na cidade de Lima. A filha Juana nasceu em 1935, e Alberto Kenya Fujimori em 28 de julho de 1938, data da independência do Peru. Ele tem cidadania japonesa, porque seus pais o registraram no Consulado do Japão, quando ainda bebê.
Dotado de dupla nacionalidade, Fujimori licenciou-se em Agronomia, no Peru, pós-graduação em Física, pela Universidade de Estraburgo, e mestrado em Matemática nos Estados Unidos da América. Até antes de ser eleito presidente, ninguém fazia qualquer distinção racial dele. Entretanto, nessa ocasião, seus adversários políticos passaram a divulgar que Fujimori havia nascido no Japão, um anteparo que, de acordo com a Constituição, o impedia de governar a nação andina. Enfim, o impasse havia sido criado.
Em sua primeira campanha presidencial, em 1989, Fujimori foi ainda acusado de sonegação de impostos. Há cerca de doze anos prestando serviços advocatícios para barões do pó, Montesinos foi indicado pelo general Díaz, chefe do Serviço de Inteligência Nacional (SIN), para defender a causa do nipônico-peruano. E foi assim que teve início uma amizade de dez anos de casos tenebrosos.
Roberto Escobar, em seu livro “Mi Hermano Pablo”, conforme registrou Enoch Powell, declarou que seu irmão Pablo Escobar, o barão do Cartel de Callí, doou cerca de 1 milhão de dólares para a primeira campanha de Fujimori à presidência do Peru. Alberto Fujimori, apelidado de El Chino, governou o país por dois mandatos sucessivos (28/07/1990 a 22/11/2000). Chegou ganhar um terceiro mandato, elegendo-se sob o manto da corrupção. Tomou posse e, poucos meses depois, fugiu para o Japão.
Sem maioria parlamentar para governar, na madrugada do dia 5 de abril de 1992, o presidente Fujimori dissolveu o Congresso Nacional, demitiu 13 dos 23 juízes da Corte Suprema, dezenas de outros juízes, e suspendeu a Constituição, alegando que era preciso mais liberdade para efetuar reformas econômicas, combater o terrorismo, o tráfico de drogas e erradicar a corrupção generalizada. Esse período político tem sido chamado de o “Autogolpe de 1992”.
Nesse dia, a população acordou sem Congresso, Judiciário e Constituição, e com tropas militares nas ruas da nação em ebulição. A maioria dos parlamentares presos na madrugada pertencia ao partido do ex-presidente Alan Garcia. Um deputado ganhava dez vezes mais que o salário de um general.
Fujimori conquistou o terceiro mandato presidencial em abril de 2000, em uma eleição considerada fraudulenta pela sociedade peruana e pela comunidade internacional. Numa falsa demonstração de moralidade, a Casa Branca ameaçou o governo peruano, com sanções, mas logo tudo voltou ao normal, quando a diplomacia brasileira e mexicana colocaram panos quentes na questão. Mesmo em meio a esse ambiente cheirando a enxofre, o presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro a reconhecer a vitória de seu colega nas urnas. Finalmente, foi empossado no dia 28 de julho para um mandato de cinco anos. E, no Brasil, o povo irá suportar um Governo Paralelo exercido por seres que nunca foram eleitos nas urnas?
Raimundo Nonato Freitas de Cerqueira
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil