A FOZ DO RIO MAMPITUBA E O MAR
Em 1973, o coronel do Exército Brasileiro Mário Andreazza, gaúcho e ministro dos Transportes da República, por gestões políticas da Sociedade de Amigos da Praia de Torres – SAPT, determinou a construção de um canal de cerca de 700 metros, que permitisse uma conexão mais curta para o Atlântico, com farol de sinalização à saída do Passo De Torres, SC, já que o curso normal do Rio Mampituba fazia uma curva e desembocava no mar a cerca de 1.500 metros (onde hoje é a Barra Velha) e assoreava constantemente, por vezes formando uma verdadeira barragem arenosa, o que dificultava e por vezes impedia a saída ou a entrada dos barcos de pescadores ao mar. Com a abertura do canal, uma parte do território do município gaúcho de Torres passou a fazer parte de São João do Sul/SC, município-mãe do atual Passo de Torres. A nesga litorânea entre o mar e a hoje denominada Lagoa Morta é a Passárgada (que a gente do lugar chama de "Bazarca"), bairro do Passo. Aqui todos somos "amigos do Rei", com queria o poeta pernambucano Manuel Bandeira, em poema publicado em seu livro "Libertinagem", de 1930. Bem-vindos, amigos forasteiros de todas paragens, ao paraíso da Poesia, da paz, dos ventos e da harmonia com a natureza. Em mim, a Palavra morde o caos e delata inquietudes. Todavia nem sempre a voz amorosa é plácida, complacente e harmoniosa. Tal qual as águas do rio que consome os meus mais íntimos neurônios. Humano e humildemente denso de silêncios, o Verbo surpreende e me acachapa. Feito um sino louco, sem badalo.
– Do livro inédito A BABA DAS VIVÊNCIAS, 1978:2019.
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