Os Cavernistas de Hoje

A Exemplo dos Cavernistas

- Da Harpa -

Rude Cruz se erigiu

Dela o dia fugiu

Como emblema de vergonha e dor

Mas contemplo essa cruz

Porque nela Jesus

Deu a vida por mim, pecador.

UMA BREVE COMPARAÇÃO

As atitudes do ser humano contemporâneo que de humano nada tem, tamanho desrespeito, falta de amor e compreensão para com o semelhante. Atitudes puramente nojentas, grosseiras, animalescas, canibalescas e cruéis, exatamente como os cavernistas do passado que sem instrução e alheios às verdades da vida, viviam; como animais, se é que assim, com todo respeito aos bichos o podemos qualificar, movidos pela arrogância e brutalidade.

“Somos todos cavernistas!”

Exatamente como os milenares e “lendários” Homo Erectus, grandes Homo Sapiens, numa breve comparação na figura de linguagem, que sequer conseguimos viver fora das cavernas escuras, úmidas e frias com seus ecos ensurdecedores e seus brutos e monstruosos aracnídeos viúvas negras que vagueiam lado a lado com seus sobrepostos olhos esbugalhados e tenebrosos e suas longas pernas a tear suas ferrenhas teias como poderosas redes prestes a laçar o ser humano na inércia, os tornando sem ação, sem atitudes genuinamente humanas, presas fáceis do império das circunstâncias existenciais; repletas ainda dos pendurados morcegos negros Desmodus Rotundus cabeça-baixa -vampiros chupadores de sangue -, completamente primitivos.

As cavernas segundo o que aprendemos e sem dúvidas existem, são originárias segundo os estudos, de uma série de processos geológicos que podem envolver uma combinação de transformações químicas, tectônicas, biológicas e atmosféricas; diz o professor. Em alguns casos essas cavidades também podem ser chamadas de espeleologia, uma fusão que envolve ramos do conhecimento como a geologia, hidrologia, biologia, paleontologia e arqueologia como “tocas, lapas ou abismos”. Os termos relativos a caverna segundo estudos, geralmente utilizam a raiz espeleo, derivada do latim spelaeum, “caverna”, da mesma raiz da palavra “ESPELUNCA”. Assim sendo, de fato, ainda que nunca gostaríamos de ser, acabamos por nos tornar verdadeiros primitivos presos em uma grosseira ESPELUNCA ou abismos negros, incapazes de reconhecer o quão precioso somos diante do Criador e que por vez, diga-se de passagem, numa breve profecia, nos será cobrado. Temos muito que aprender com Deus!

Á exemplo destes, com ainda suas monstruosas e agressivas foices e machados primitivos lascas de pedra amarrados aos punhos longos e grosseiros prontos para a desova, ávidos pela sua presa num instinto completamente ANIMAL, não enxergamos sequer um horizonte capaz de nos impulsionar para uma civilização espiritualmente sadia. Mentes réprobas são as mentes cauterizadas pelas circunstâncias da vida, incapazes de enxergar o grande valor que somos para com Deus. Evidentemente seguindo o curso da vida, nada mais que isso, sabemos muitas coisas, entendemos de “tudo”; somos os expert, instruídos e formados nas melhores faculdades da terra, possuímos diplomas e mais diplomas aos pregos oxidados pendurados às inacabadas paredes; somos o Best Sellers, inconfundíveis, inteligentíssimos, donos das verdades absolutas, ah como somos! sarcasticamente fico boquiaberto com tamanha inteligência que possuímos, mas numa “pausa tchecoviana” de Anton Tchékhov que ficara chocado e irritado face ao testemunho vivido num espancamento, desvio de suprimentos e prostituição forçada de mulheres vindo a escrever que “houve momentos em que senti que as coisas que via diante de mim, haviam ultrapassado os limites da degradação humana”, no que estava particularmente comovido diz sua biografia, com ainda o sofrimento das crianças que viviam na colônia penal com seus pais vindo a dizer que “No navio em Amur, indo a Sacalina, havia um condenado que assassinou sua esposa e usava algemas nas pernas, e sua filha, uma menina de seis anos, junto a ele. Notei, diz Anton, que aonde o prisioneiro fosse, a menina o acompanhava agarrada as suas algemas. À noite, de acordo com seu relato, essa mesma criança dormia junto com os presos e soldados, todos juntos em um amontoado de gente” não me restando dizer senão, que são de fato, atitudes nojentas, repugnantes até, puramente cavernistas; “somos todos cavernistas”.

Mas enfim, num sacudir de cabeça, lamento dizer que tudo que conquistamos de aprendizado durante séculos e séculos, sem generalizar, são meramente para o nosso bel-prazer, nossa vaidade, orgulho e egoísmo que corre como uma gazela amalucada nas veias do nosso ser numa total falta de respeito para com o semelhante; nada compensa a ruptura da ordem celestial. É! Somos egoístas, muito egoístas e nunca paramos para no mínimo, pensar nos pés descalços e cabeças baixas, nos carentes de amor e atenção, nos aflitos; só pensamos em nós mesmos! Estando-nos com a barriga cheia, que importa? – numa linguagem popular, que se dane o mundo! Ou como num belo poema da saudosa Cora Coralina quando diz: “Bem por isso mesmo diz o caboclo: a alegria vem das tripas – barriga cheia, coração alegre”, o que é pura verdade, completo. É! Carece fazermos uma correção de rumos em nossas vidas.

Na verdade, “somos vazios; vazios do Espírito de Deus e cheios de nós mesmos; do nosso Eu” o que nos adverte a hermenêutica bíblica nas palavras sábias do apóstolo “enchei-vos do Espírito... e buscai as coisas do alto”; enfim, estamos continuamente prontos a enfrentar obstáculos a nosso favor, sim, assim somos e estamos prontos de fato, mas somente para nosso orgulho repito, e vaidades. Estamos prontos a tudo, menos a ajudar e “compartilhar os sonhos com as pessoas a nossa volta” como diz o educador, mestre e escritor Paulo Freire, lembrando ainda uma frase do saudoso Darwin quando disse que “apesar de todas as qualidades nobres e capacidades sublimes da humanidade, o homem ainda traz em sua estrutura física, a marca indelével de sua origem primitiva”, o que quisera eu que não somente a sua estrutura física indelével como desenha Darwin, assim fossemos de fato em nossa boa estrutura espiritual; sadia, inapagável, permanente; constante”; uma estrutura até então corrompida que só se transforma quando se volta para o caráter insuperável, indiscutível e glorioso de Cristo, “ O Prumo”. Aliás, Cristo é o centro da vida que infelizmente por uma influência maligna por detrás das cortinas, nos bastidores do grandioso espetáculo da vida, o homem ainda não o descobriu; uma “Influência” maligna que sorrateiramente e mais sagaz se apresentou de calçados de veludo como pisando em ovos à Eva no Jardim de delícias – que paradoxo - despertando-lhe a inveja em relação ao Criador, lhe assegurando que se comesse do fruto proibido, certamente ela e seu companheiro seriam de fato, “como deuses” – eritis sicut dii, mudando completamente a história da humanidade. Que tragédia! Que maldição é; abro um parêntese, a inveja, e digo mais, essa mesma serpente de maneira dissimulada, está por aí.

“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astucia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo” IICor 11

Trecho de meu livro "Os Cavernistas de Hoje - Primitivos Espirituais no Avesso da Vida"

Iraldir Fagundes
Enviado por Iraldir Fagundes em 27/01/2019
Código do texto: T6560800
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