Tufão soprando poesia: um grito revolucionário por meio da poesia

Tufão soprando poesia, é uma página do Facebook que hoje possui cerca de 35 mil pessoas seguindo a página e, detém o mesmo número de curtida na comunidade. A página foi criada em 14 de março de 2017 e desde lá não parou de fazer suas publicações poéticas. Quase todas elas de cunho social, Tufão soprando poesia veio crescendo de forma assustadora, principalmente por se utilizar da ferramenta de patrocínio da rede social, que recebe certo valor para alavancar as publicações e que em apenas alguns dias seu alcance chega a 100 vezes mais do que o corriqueiro.

Pensar a poesia como um manifesto revolucionário, é voltar ao ano de 1979 em Salvador. Neste ano, na Praça da piedade, em frende a sede do governo, os poetas Antonio Short, Ametista Nunes, Eduardo Teles e Gilberto Costa, que logo após se juntaram a Geraldo Maia, o casal Margareth Castanheiro e Zeca de Magalhães, entre outros, se utilizavam da praça, para se expressarem por meio da poesia, sempre às 18h, os problemas, ás angustias e desprazeres sociais vividos pelo povo na época.

Os então poetas viam a poesia como uma ferramenta de trabalho, como um instrumento de revolução pertencente ao povo. Poesia esta a serviço de uma mudança social e cultural. Os poemas deste então eram tomados por um sentimento de angustia e opressão causados pela ditadura militar que se instaurou no Brasil em 1964. Os poetas da época se dispersaram, todavia se encontram em cada um de nós, nas ruas e nas redes, como bem salienta a historiadora Maíra Castanheiro, que colaborou com seu estudo no site Contra cultura digital.

Tufão soprando poesia é um notório poeta revolucionário. Utiliza-se de angustias sociais para expressar a tristeza para com os problemas que são em comum entre todos. Em 15 de março de 2018, ás 04:37 ele publica um poema, sem titulo, demonstrando sua inquietude para com o caso Marielle. Ele diz: Foram treze tiros/ Alguns recados / No centro Dentro do carro/ Ali/ Para todos verem/ Todos temerem/ No mesmo chão/ Que já morreram escravos/ Em um passado/ Ainda presente/ Em cada viela/ Cada favela/ Hoje Lamentamos /Amanhã Levantamos /Por Marielle/ Por todas/ Que morreram/ Lutando/ Que viveram/ Sonhando.

O poeta demonstra durante sua escrita uma empatia para com o caso. De forma simples e direta, com linguagem acessível, Tufão deixa seu recado, deixando também que seu poema chegue a qualquer que seja. O poeta compartilha a desgraça de uma perda que é social, e isso se revela também nas curtidas, comentários e compartilhamentos que sua publicação chegou: 21 mil curtidas, mais de 400 comentários e mais de 2 mil compartilhamentos.

Tufão também se coloca em suas poesias. Mais uma vez de forma direta ele descreve sua produção: Minha poesia/ Não é neutra/ Ela toma partido/ Da luta negra/ Contra o racismo/ E a dominação burguesa/ Meu candidato Pablito/ É trabalhador/ Bate o cartão/ Veste o macacão / Organiza a revolução/ Com a burguesia /

Não tem conciliação /Quem veste uniforme / Não vota em patrão.

Sejam poetas por opção ou aqueles que se tornaram em meio a uma opressão, a poesia revolucionária sempre foi uma realidade, e mais do que nunca, mesmo que digam que literatura não é, gritem: A poesia é um fio que nos liga a vida e sem ela a vida não faz sentido.

Lume Santos
Enviado por Lume Santos em 21/12/2018
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