OPINIÃO:PÚBLICA ou PUBLICADA
Não concordo quando se referem à opinião publicada como se fosse a real versão da opinião pública. Thomaz Albornoz Neves opina, “O que percebo da realidade / veda minha percepção / da realidade.
Perco muito tempo tentando acreditar na opinião da mídia, que se encontra conflitante com a visão do público. Nesta linha encontro o livro A Corrupção da Opinião Pública, de Juarez Guimarães e Ana Paula Amorim.
Gosto de pensar que a opinião pública, em determinados momentos, marca posição para ser ouvida e não permite a imposição da mídia, havendo até discordâncias; mas, dentro das possibilidades, ouvimo-la para trazer à tona a verdade. Segundo Umberto Eco, “... a única força que move o intelecto... é a verdade”.
Acredito que o respeito pela opinião pública deve ser exercido pela vida, porque mexe com o viver, cujo sentimento está vinculado a todos. Hannah Arendt reflete, “... é com palavras e atos que nos inserimos no mundo... A ação é a fonte do significado da vida humana”.
Pergunto-me em quantas bobagens publicadas acredito sem analisar serem falsas ou verdadeiras. Fico à mercê da mídia, entre tantas possibilidades, na dúvida de cada fato ou versão exposta como especulação.
Encontro de um lado o poder das palavras na opinião publicada e, de outro, a expressão da vida revelada pela opinião pública, como demonstra Hilda Hilst, “... Nem sempre há de falar-nos um poeta. / E ainda que minha voz não seja ouvida / Um dentre vós, resguardará (por certo) / A criança que foi...”
A “verdadeira” opinião pública estremece com a persistência da opinião publicada em desafiar diferenças entre o verso e o reverso do fato. Nas palavras de Hilda Hilst, “... Meu dizer é de bronze / E essa teia de prata / A mim mesma me espanta”.
A opinião pública não está em busca de flores e sim de respostas honestas, visto o descrédito da opinião midiática. Márcio Almeida retrata, “Alívio //... um jornal sem a convivência com o poder...”
Para manter a opinião do público, e a vida no campo do bem estar e do respeito, é importante ter presente a crítica em relação à opinião publicada, com a abrangência da pluralidade do olhar: nem tão de perto que não possa ver o todo, nem tão de longe que possa perder o rumo das palavras. Hilda Hilst completa, “que mistério tão grande te aproxima / Deste poeta irreal e sem mágica? / De onde vem este sopro que me anima / a olhar as coisa com o olhar que as cria...?”.