Piauí em Letras: a cultura literária em tempos de redes sociais
Antonio José Sales
Luís Correia – Piauí
Antonio José Sales
Luís Correia – Piauí
O mundo já não é mais o mesmo. O mundo atual, moderno e midiatizado está cada vez mais surpreendente, célere e diversificado. Em todos os sentidos que lancemos nossos olhares, em tudo o que há: a sociedade como um todo, está diretamente atrelada à midiatização. Quem fica fora desse novo mundo acaba perdendo oportunidades sem iguais.
No mundo das produções literárias não seria diferente. Cada vez mais, autores, editoras e o publico leitor, interagem e fazem a literalidade acontecer no chamado “cyber space”. Mesmo as obras tradicionais que não estejam diretamente caracterizadas pela mídia, acabam ganhando a influencia desta, mesmo que indiretamente. Basta observarmos os programas computacionais na confecção de livros, o trabalho gráfico, as ilustrações. O próprio livro impresso que pode ser digitalizado, consequentemente adquirindo a facilidade e rapidez de sua circulação entre as mais variadas plataformas digitais, tem provocado transformações nunca imagináveis no campo literário.
Além de influenciar no modo de produção dos livros literários, a tecnologia tem alterado a forma como o autor produz seus textos e a forma como o leitor acessa esses textos e vice-versa. Alguns autores “antenados” e adeptos dessa modernidade tentam imitar e adaptar sua produção literária ao modo como as pessoas interagem nas redes sociais. Se antes alguns textos populares tentavam imitar as marcas da oralidade do povo, agora a moda é imitar os textos das conversas virtuais, marcadas pelo neologismo, abreviações e palavras quase indecifráveis e de duplo sentido, dificultando a interpretação daqueles que não pertencem a esse novo mundo.
Ler um bom livro, de papel mesmo, tomando um café, no balanço da rede em uma varanda. Cenas bucólicas cada vez mais raras. O público mais jovem e moderno prefere a leitura em tela, seja do computador, celular, smart phone, tablet, e-readers, etc.
As pesquisas bibliográficas já não demandam mais o trabalho de pesquisa livro a livro, em bibliotecas ou acervos pessoais. A grande biblioteca, o acervo universal, de todos para todos, a internet. É na internet que muitos fazem suas pesquisas literárias, buscando e deixando seus rastros no emaranhado dos hipertextos, dos links, da multimídia.
Classificar a Literatura desse período em que vivemos é uma tarefa árdua e desnecessária. As características desse período são instáveis, imprevisíveis devido à velocidade das inovações tecnológicas, dos softwares utilizados. O hibridismo das mídias digitais balança como um vai e vem de ondas, e nelas podemos mergulhar, surfar, nadar ou nada, fazer nada e ficar fora desse mar de possibilidades.
Aqui quero finalizar falando do livro Piauí em Letras, livro do qual faço parte como um dos autores entre 18 autores de sangue piauiense e muita vontade de contribuir para o enriquecimento de nossa literatura. Não vou falar desse livro apenas por ser um livro do qual faço parte, não é uma ação publicitária, e sim uma autoanálise dessa obra dentro desse artigo que levanta o debate sobre como a mídia moderna interfere na produção literária.
A maioria dos autores do livro Piauí em Letras estão estreando sua produção literária em livro impresso. Mas isso não quer dizer que sejam principiantes na arte literária: a maioria de seus autores já publicavam seus textos no site literário Recanto das Letras. Fizemos o caminho inverso: enquanto muitos escritores já consagrados migram para as mídias digitais tentando acompanhar os novos tempos e dar maior visibilidade à sua produção, nós remamos contra a maré, surgimos no meio digital e coroamos nosso trabalho com um livro impresso.
O começo de tudo partiu de conversas despretensiosas entre alguns membros do site Recanto das Letras, comentando os textos uns dos outros. As conversas foram ganhando força e migraram para um grupo de WhatsApp. Além do núcleo fundador do grupo, novos componentes foram entrando no grupo (e continuam entrando). Para não ficarmos retidos apenas ao Recanto das Letras, outros autores mais experientes foram adicionados ao grupo proporcionando um grande impulso rumo ao projeto do livro.
Nós, autores do livro, residimos nas mais variadas regiões do estado e até mesmo fora do estado. Do litoral, passando pela capital, até o sul do estado, nos unimos pelas redes sociais e enviamos nossos textos via internet para que o núcleo teresinense montasse o livro. Deu tudo certo, o livro foi publicado e já estamos trabalhando em novos projetos para 2019. Vida longa a esse grupo!
Mas, afinal, por que falei do nosso livro nesse texto acadêmico? Ora, esse texto teve em sua concepção a intensão de discutir como a cultura literária vem se modificando em face da sua proximidade com as novas mídias e discorrer sobre as características das novas formas literárias que surgem a partir do uso das novas tecnologias. Nada mais emblemático e próximo da nossa realidade do que o livro Piauí em Letras. Embora não fosse impossível, mas seria muito mais complicado, e só um acaso do destino iria juntar autores desconhecidos com escritores já consagrados, juntar peças espalhadas por várias regiões do estado e até fora deste. A internet é mesmo uma ferramenta incrível para quem sabe aproveitar suas facilidades, e creio que soubemos bem nos aproveitarmos dessa qualidade para agregar mais essa obra (e outras que virão) à literatura piauiense.
**************
O livro Piauí em Letras foi lançado em Teresina em 13 de julho de 2018.
Os autores do livro: Adrião Neto (organizador), Aila Brito, Antonio Carvalho Neto, Antonio José Sales, Carlos Alberto A. Silva, Christian Messias, Dariane Alves Furtado, Edivaldo Lima, Esperança Vaz, Eva Graça Brito, João Alves Filho, José Luiz de Carvalho, José Paraguassú, Lena Lustosa, Luís Augusto P. Borges, Marta Maria A. Queiroz, Mozaniel Almeida e Vinicius Brito Cronemberger.
Os autores são de várias cidades do estado: Alagoinha do Piauí, Buriti dos Lopes, Campo Maior, Cocal, Floriano, Luís Correia, Picos, Teresina, Uruçuí.
No mundo das produções literárias não seria diferente. Cada vez mais, autores, editoras e o publico leitor, interagem e fazem a literalidade acontecer no chamado “cyber space”. Mesmo as obras tradicionais que não estejam diretamente caracterizadas pela mídia, acabam ganhando a influencia desta, mesmo que indiretamente. Basta observarmos os programas computacionais na confecção de livros, o trabalho gráfico, as ilustrações. O próprio livro impresso que pode ser digitalizado, consequentemente adquirindo a facilidade e rapidez de sua circulação entre as mais variadas plataformas digitais, tem provocado transformações nunca imagináveis no campo literário.
Além de influenciar no modo de produção dos livros literários, a tecnologia tem alterado a forma como o autor produz seus textos e a forma como o leitor acessa esses textos e vice-versa. Alguns autores “antenados” e adeptos dessa modernidade tentam imitar e adaptar sua produção literária ao modo como as pessoas interagem nas redes sociais. Se antes alguns textos populares tentavam imitar as marcas da oralidade do povo, agora a moda é imitar os textos das conversas virtuais, marcadas pelo neologismo, abreviações e palavras quase indecifráveis e de duplo sentido, dificultando a interpretação daqueles que não pertencem a esse novo mundo.
Ler um bom livro, de papel mesmo, tomando um café, no balanço da rede em uma varanda. Cenas bucólicas cada vez mais raras. O público mais jovem e moderno prefere a leitura em tela, seja do computador, celular, smart phone, tablet, e-readers, etc.
As pesquisas bibliográficas já não demandam mais o trabalho de pesquisa livro a livro, em bibliotecas ou acervos pessoais. A grande biblioteca, o acervo universal, de todos para todos, a internet. É na internet que muitos fazem suas pesquisas literárias, buscando e deixando seus rastros no emaranhado dos hipertextos, dos links, da multimídia.
Classificar a Literatura desse período em que vivemos é uma tarefa árdua e desnecessária. As características desse período são instáveis, imprevisíveis devido à velocidade das inovações tecnológicas, dos softwares utilizados. O hibridismo das mídias digitais balança como um vai e vem de ondas, e nelas podemos mergulhar, surfar, nadar ou nada, fazer nada e ficar fora desse mar de possibilidades.
Aqui quero finalizar falando do livro Piauí em Letras, livro do qual faço parte como um dos autores entre 18 autores de sangue piauiense e muita vontade de contribuir para o enriquecimento de nossa literatura. Não vou falar desse livro apenas por ser um livro do qual faço parte, não é uma ação publicitária, e sim uma autoanálise dessa obra dentro desse artigo que levanta o debate sobre como a mídia moderna interfere na produção literária.
A maioria dos autores do livro Piauí em Letras estão estreando sua produção literária em livro impresso. Mas isso não quer dizer que sejam principiantes na arte literária: a maioria de seus autores já publicavam seus textos no site literário Recanto das Letras. Fizemos o caminho inverso: enquanto muitos escritores já consagrados migram para as mídias digitais tentando acompanhar os novos tempos e dar maior visibilidade à sua produção, nós remamos contra a maré, surgimos no meio digital e coroamos nosso trabalho com um livro impresso.
O começo de tudo partiu de conversas despretensiosas entre alguns membros do site Recanto das Letras, comentando os textos uns dos outros. As conversas foram ganhando força e migraram para um grupo de WhatsApp. Além do núcleo fundador do grupo, novos componentes foram entrando no grupo (e continuam entrando). Para não ficarmos retidos apenas ao Recanto das Letras, outros autores mais experientes foram adicionados ao grupo proporcionando um grande impulso rumo ao projeto do livro.
Nós, autores do livro, residimos nas mais variadas regiões do estado e até mesmo fora do estado. Do litoral, passando pela capital, até o sul do estado, nos unimos pelas redes sociais e enviamos nossos textos via internet para que o núcleo teresinense montasse o livro. Deu tudo certo, o livro foi publicado e já estamos trabalhando em novos projetos para 2019. Vida longa a esse grupo!
Mas, afinal, por que falei do nosso livro nesse texto acadêmico? Ora, esse texto teve em sua concepção a intensão de discutir como a cultura literária vem se modificando em face da sua proximidade com as novas mídias e discorrer sobre as características das novas formas literárias que surgem a partir do uso das novas tecnologias. Nada mais emblemático e próximo da nossa realidade do que o livro Piauí em Letras. Embora não fosse impossível, mas seria muito mais complicado, e só um acaso do destino iria juntar autores desconhecidos com escritores já consagrados, juntar peças espalhadas por várias regiões do estado e até fora deste. A internet é mesmo uma ferramenta incrível para quem sabe aproveitar suas facilidades, e creio que soubemos bem nos aproveitarmos dessa qualidade para agregar mais essa obra (e outras que virão) à literatura piauiense.
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O livro Piauí em Letras foi lançado em Teresina em 13 de julho de 2018.
Os autores do livro: Adrião Neto (organizador), Aila Brito, Antonio Carvalho Neto, Antonio José Sales, Carlos Alberto A. Silva, Christian Messias, Dariane Alves Furtado, Edivaldo Lima, Esperança Vaz, Eva Graça Brito, João Alves Filho, José Luiz de Carvalho, José Paraguassú, Lena Lustosa, Luís Augusto P. Borges, Marta Maria A. Queiroz, Mozaniel Almeida e Vinicius Brito Cronemberger.
Os autores são de várias cidades do estado: Alagoinha do Piauí, Buriti dos Lopes, Campo Maior, Cocal, Floriano, Luís Correia, Picos, Teresina, Uruçuí.