Shonen Comics Uma nova possibilidade!

Se algum tempo atrás havia uma ausência de mercado, hoje podemos nos congratular por termos uma extensa produção de cultura pop independente. O mercado indie de games, quadrinhos e livros já movimenta milhões em todo o Brasil. A tecnologia abriu a porta para novos modelos de negócios rentáveis e formas de consumo de cultura em massa obtiveram o seu lugar na 9ª arte.

A Shonen Comics é uma dessas iniciativas de sucesso, pois consegue mobilizar, sur-preender e gerar mercado, no que antes era considerado nicho.

O mercado nacional de quadrinhos e mangás é fértil, reconhecido no mundo todo pe-los seus ótimos desenhistas.

Os tempos das vacas magras acabaram no que desrespeito ao espaço, os artistas bra-sileiros ocupam-no muito bem, o mangaká nacional só luta mesmo contra a maciça competição entre os seus pares.

Essa antologia on-line trabalha com doações diretas ao autor, seja através de financi-amento coletivo ou de aplicativos, nesse caso, a plataforma também recebe doações para sua própria manutenção. Geralmente são valores muito mais simbólicos do que comer-ciais. Tenha em mente que desenvolver arte é para poucos; é um processo oneroso, principalmente para nós brasileiros e ainda marcado por preconceitos.

Gostei muito do resultado da plataforma, é um projeto que tem tudo para obter suces-so, o corpo de artistas é muito competente e os títulos de muita qualidade. Agora vamos aos mangás:

2HIROS

Esse é o primeiro mangá da plataforma que eu li, criei boas expectativas e achei o traço do autor muito bom. A história do Gustavo Reis é em leitura oriental e se passa no Ja-pão, uma pena, gostaria de ver mais obras de autores brasileiros ambientadas no Brasil, acredito que isso gere maior identificação nos leitores.

Na esteira de obras de sucesso como Tiger & Bunny e o recente hit da Shonen Jump, o aclamado Hero Academy¸ o 2HIROS é um mangá de super-herói, mas a inspiração não foram os comics americanos, mas sim os tokusatus, principalmente os da linha Metal Hero, onde os heróis usam armaduras metálicas altamente tecnológicas, muitos desses heróis japoneses tiveram seus seriados exibidos no Brasil como Jaspion e Jiraya.

Na obra, houve uma guerra após uma invasão alienígena e um herói trajando uma armadura derrotou os invasores alienígenas, no fim da sua missão, ele abandonou a Ter-ra, o que já é bem misterioso.

Após essa rápida introdução somos apresentados a um homem visitando uma loja de doces, o senhor com cara de detetive se encontra com nosso protagonista, que trabalha de cara amarrada no negócio dirigido pela irmã mais velha, ele deixa a loja correndo depois de receber uma ligação, o cliente o segue, não vou mais falar para não estragar a leitura, mas se a narrativa não trouxe nada muito inovador, talvez pelo cenário escolhi-do... mas a narrativa é ágil e o designer é muito bom, uso de retículas competentes, a-credito que esta seja uma das histórias de maior potencial na plataforma.

Digude

Esse mangá eu já acompanho faz muito tempo, coleciono e faço propaganda! Vinicius de Souza é um dos mangakás mais competentes que eujá conheci, ao lado de Yuji Kata-yama e Laio Yune, eles foram muito importantes para que o circuito de fanzines da Zine Expo continuasse de vento em popa.

Um clássico e inovador mangá de esporte que envolve fantasia, uma dose cavalar de humore um tanto de drama.

O protagonista é o Di, um jovem japonês que decide jogar gudes para ter a oportuni-dade de reencontrar sua mãe, a melhor jogadora do mundo. Isso mesmo que você leu, gudes, aqui elas são mais importantes que o futebol, atraindo mais expectadores que a Copa do Mundo.

O traço de simplicidade enganosa vai evoluir muito nos próximos capítulos, a narra-tiva fica mais fluída, personagens legais vão aparecendo, é incrível, minha única crítica é que eu consideraria ter ambientado essa história no Brasil, inclusive, disse isso pesso-almente a ele. O autor garantiu que personagens nacionais terão muita importância no futuro da série, é só aguardar. Lembrando que Digude já tem oito volumes impressos e uma reedição estilo definitiva compilando vários volumes, longa vida a Digude na Sho-nen Comics.

Jack do Limbo

Esse mangá é um prato cheio pra quem gosta de arte com referência e o Rai Souza sabe trabalhar muito bem com elas. A ação sobrenatural mescla humor, easter eggs e lutas na medida certa. Os traços caricaturais, simples e cheios de criaturas macabras lembram artistas como Kaiji Pato, autor de Quack; Eichiro Oda, autor de One Piece e Atsuchi Ohkubo, criador de Soul Eater; necessário lembrar também Tim Burton e seus trabalhos cinematográficos que mesclam a fantasia e o fantasmagórico.

Uma história de ação muito bem humorada, criativa e intrigante. A história se passa numa realidade alternativa e o autor não mostrou nem um décimo do potencial desse universo divertido, onde homens com cabeças de abóboras caçam monstros.

Nesse Battle-shonen você acompanhará as lutas pitorescas de Jack do Limbo e seu parceiro Batboy, enquanto caçam monstros devastadores com golpes de nomes extrava-gantes.Se você conhece a lenda de Jack O’lantern ou leu Mervyn Pumpkinhead – Agente do Sonhar do selo Vertigo, vai adorar, não deixem de acompanhar.

Dark Rose

Esse mangá do Valdo Alves me dividiu bastante, não sei se o que eu mais gostei foi o traço bem estilizado e gótico ou o Rock’n Roll! Determino empate nesse caso. Palmas para o autor que conseguiu ambientar o mangá no Brasil e criar uma trama espetacular com um conceito muito bom. Estou torcendo muito pra essa fábula contemporânea. Que o autor saiba desenvolver o universo que criou de modo competente.

Kauê é um integrante de uma banda de hard rock chamada Pajé, após o fim da turnê em Manaus, ele decide voltar às origens de sua terra natal e aproveitar o momento para des-cansar, entretanto, algo grave acontece e os seus planos mudam drasticamente.

Magic Star – Taking Chances

Olhando de relance você vai se surpreender com a história, por incrível que pareça, não é do CLAMP, esse shoujo é do brasileiro Ulisse Perez.Outra obra ambientada no Japão! Estamos em 2020 e o título já começa pecando com alguns clichês, visto que a própria protagonista de nome Sumai Yushimakizaki diz: “Eu sou uma garota feliz, muito so-nhadora e atrapalhada”, apresentação piegas, é melhor o autor mostrar esses sentimentos que autodrevê-los, fica mais factível. Entretanto acredito na força e carisma dessa per-sonagem, afinal de contas, os protagonistas do signo de sagitário são os melhores.

O desenho é muito bonito e lembra muito o traço da década de 80, com retículas no ponto certo. A obra apresentou uma boa narrativa no início, mas na parte final fraquejou um pouco na estrutura, o autor deve tomar cuidado nas próximas edições. Ainda não dá para saber se será um shoujo ou um shoujo mahou, mesmo assim, é uma história que merece ser lida, principalmente se você é chegado em um drama adolescente.

Battle of Fighters

Confesso que de todos os títulos, esse foi o de enredo mais confuso. Mais um mangá nacional ambientado no Japão, no ano de 2018. A artefinalização digital é o ponto alto no mangá de traços simples e arredondados. Gostei da proporção do autor no que des-respeito a diferença no tamanho dos protagonistas, que são o tio e sua sobrinha, estes não receberam nomes, algo incomum entre mangás de Battle-shonen.

Um cataclismo destruiu os planetas do sistema solar e o sistema foi recriado (porquê? Por quem? Como?) unindo o mundo real ao virtual, fazendo com uma radical mudança em todas as estruturas e provocando o surgimento dos evoluders, pessoas com poderes especiais. Nada demais nesse primeiro capítulo, nenhum antagonista ou situação perigo-sa. Espero algo mais do Clayton Barros Silva no segundo capítulo, foi uma leitura mo-nótona pra mim, nada aconteceu, só fiquei sobrecarregado de dúvidas.

Motensago

Edison Masakiro é um dos meus autores favoritos no mundo dos mangás nacionais, autor do clássico fanzines Gogol-Hara, do belo Xihuang e também da série Tropicaria. O autor sempre tem boas ideias e possui um traço cativante.

Motensago é uma história que se passa nos dias atuais, a dupla de protagonistas, Sago e seu amigo Otto, assistem pela televisão o noticiário relatar que em Nápolis, criaturas chamadas de “genovas” estão atacando e devorando todo mundo.O protagonista parece ter um poder especial e ambos decidem fazer parte do grupo Super Jovem.

O traço está com aquele clima de Turma da Mônica Jovem, mas acredito que logo o traço do autor vai se refinar, a história promete muito humor e ação de super-heróis bas-tante incomuns.

Para ler esses e saber as novidades acesse:

m.shonencomics.com

Caliel Alves
Enviado por Caliel Alves em 14/07/2018
Código do texto: T6389854
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.