Introdução de Estrela que o vento soprou
A obra nasce da compilação de textos publicados em sites de Literatura, a partir do ano de 2007. Nela, minúsculas partículas da realidade, surgem diluídas nas cenas e cenários que se dão no campo, na cidade e numa ilha. Neta de fazendeiro, Ravenala desencava histórias de peões que pegam índio a laço, e se sente motivada para escrever. Mesmo sabendo que livro nunca fica pronto, ela repassa o álbum de família, e penetra na memória de seus antepassados. Como se fosse “Mozart da poesia”, vê vales e cidades que não existem, alma e poesia gravadas na bandeira do poeta. Seu avô, um nordestino corrido da seca de 1932, escreveu livros nunca lidos. Mas, Ravenala queria melhor sorte. Não podia julgar que estava nova para escrever um livro. Tinha o exemplo de Coralina que aos quatorze anos publicou “Tragédia na Roça”; ganhou o carinho dos leitores e alguns vinténs de cobre fazendo doces.
A menina deu o primeiro passo. Tocou a ponta do arco-íris, no ponto em que fica o pote de ouro. Criou mundos e reconstruiu cenários que vão da captura de uma índia escondida no silêncio da mata, à inquietação de pessoas viajando como formigas à procura de forragens. Narrou o que viu e ouviu. Seus personagens empreendem viagens ao desconhecido. Aportam ilhas desertas e vivem experiências de náufrago, que não quer ser resgatado. Sem medo algum, garimpou estrelas à procura de uma nesga de lua no jardim de Beltrami e de outros tantos talentos profissionais e amadores da literatura virtual. Viajou pelos campos e cidades, pesquisou do Rio de Janeiro ao Piauí, passando pelo Norte de Minas, e Bahia, e, apesar de não seguir, a rigor, a cronologia dos fatos, procurou narrar tudo com a simplicidade dos contos de fada. Temeu, no entanto, atropelar o aspecto temporal, ao tratar das modas de viola na fazenda Campo Grande. Achava que ainda não era hora de apresentar Guaiano em Oitava, porque Zé Coco só gravara aquela música no final dos anos oitenta. Tunico Oliveira, no entanto, assegurou-lhe de que muito antes de gravar; o músico do Riachão tocava seu guaiano nas fazendas aonde trabalhava fazendo carros-de-boi. A filha de Jeremias, não temeu. Construiu conhecimentos, sob a regência do Padre Davi, tornando-se uma sombra dele, de modo que, se o padre bocejasse, ela estava atenta para captar o menor sinal de sabedoria que saísse da boca do mestre, ainda que fosse um simples ‘desculpem-me.’ Aprendera que as palavras esperam que algum viajante lhes faça um convite para dar uma volta ao mundo. Sabia, no entanto, que era preciso engolir muito papiro, para encontrar o Tesouro de Bresa, por isso, quando penetrava nas páginas dos livros, viajava na imaginação e queria matar os vermes que roeram o livro de Machado, e nada sabiam deles. Nada se lembravam. Ou era de Betinho o livro?... Ou de Casmurro? Ravenala leu, releu e remoeu mais de cem livros, e era capaz de regurgitar frase por frase, ainda que lida há muitos anos. Aprendeu a navegar rios e mares nas asas da imaginação. Pegar carona no Sputnik de Gagarin. Ser um anjo latino a dar uma volta completa em torno da Terra. E se Gagarin não viu Deus, por certo, teria visto, Corina lá no céu. O livro acontece, inicialmente, na fazenda Campo Grande, no município de Juramento, em Minas Gerais. E por revés da sorte, a fazenda torna-se campo de batalha perdida. A família migra para a cidade e se estabelece no Rio de Janeiro.
Eis a obra. Toma e lê.
Adalberto Lima. Cachoeira Paulista, São Paulo, Brasil.
A obra nasce da compilação de textos publicados em sites de Literatura, a partir do ano de 2007. Nela, minúsculas partículas da realidade, surgem diluídas nas cenas e cenários que se dão no campo, na cidade e numa ilha. Neta de fazendeiro, Ravenala desencava histórias de peões que pegam índio a laço, e se sente motivada para escrever. Mesmo sabendo que livro nunca fica pronto, ela repassa o álbum de família, e penetra na memória de seus antepassados. Como se fosse “Mozart da poesia”, vê vales e cidades que não existem, alma e poesia gravadas na bandeira do poeta. Seu avô, um nordestino corrido da seca de 1932, escreveu livros nunca lidos. Mas, Ravenala queria melhor sorte. Não podia julgar que estava nova para escrever um livro. Tinha o exemplo de Coralina que aos quatorze anos publicou “Tragédia na Roça”; ganhou o carinho dos leitores e alguns vinténs de cobre fazendo doces.
A menina deu o primeiro passo. Tocou a ponta do arco-íris, no ponto em que fica o pote de ouro. Criou mundos e reconstruiu cenários que vão da captura de uma índia escondida no silêncio da mata, à inquietação de pessoas viajando como formigas à procura de forragens. Narrou o que viu e ouviu. Seus personagens empreendem viagens ao desconhecido. Aportam ilhas desertas e vivem experiências de náufrago, que não quer ser resgatado. Sem medo algum, garimpou estrelas à procura de uma nesga de lua no jardim de Beltrami e de outros tantos talentos profissionais e amadores da literatura virtual. Viajou pelos campos e cidades, pesquisou do Rio de Janeiro ao Piauí, passando pelo Norte de Minas, e Bahia, e, apesar de não seguir, a rigor, a cronologia dos fatos, procurou narrar tudo com a simplicidade dos contos de fada. Temeu, no entanto, atropelar o aspecto temporal, ao tratar das modas de viola na fazenda Campo Grande. Achava que ainda não era hora de apresentar Guaiano em Oitava, porque Zé Coco só gravara aquela música no final dos anos oitenta. Tunico Oliveira, no entanto, assegurou-lhe de que muito antes de gravar; o músico do Riachão tocava seu guaiano nas fazendas aonde trabalhava fazendo carros-de-boi. A filha de Jeremias, não temeu. Construiu conhecimentos, sob a regência do Padre Davi, tornando-se uma sombra dele, de modo que, se o padre bocejasse, ela estava atenta para captar o menor sinal de sabedoria que saísse da boca do mestre, ainda que fosse um simples ‘desculpem-me.’ Aprendera que as palavras esperam que algum viajante lhes faça um convite para dar uma volta ao mundo. Sabia, no entanto, que era preciso engolir muito papiro, para encontrar o Tesouro de Bresa, por isso, quando penetrava nas páginas dos livros, viajava na imaginação e queria matar os vermes que roeram o livro de Machado, e nada sabiam deles. Nada se lembravam. Ou era de Betinho o livro?... Ou de Casmurro? Ravenala leu, releu e remoeu mais de cem livros, e era capaz de regurgitar frase por frase, ainda que lida há muitos anos. Aprendeu a navegar rios e mares nas asas da imaginação. Pegar carona no Sputnik de Gagarin. Ser um anjo latino a dar uma volta completa em torno da Terra. E se Gagarin não viu Deus, por certo, teria visto, Corina lá no céu. O livro acontece, inicialmente, na fazenda Campo Grande, no município de Juramento, em Minas Gerais. E por revés da sorte, a fazenda torna-se campo de batalha perdida. A família migra para a cidade e se estabelece no Rio de Janeiro.
Eis a obra. Toma e lê.
Adalberto Lima. Cachoeira Paulista, São Paulo, Brasil.