Alexei Bueno
Herdeiro de Homero (século VI a.C.), Alexei Bueno, segundo Ivan Junqueira, é ao mesmo tempo, coparticipante de toda literatura europeia desde Homero e incluindo a América Latina até os dias de hoje. E por isto mesmo possui noção e consciência agudas de seu lugar no tempo, de sua própria contemporaneidade.
Seu verso não se faz, no entanto, “a partir das matrizes gregas”, como diz novamente Ivan Junqueira, mas “através delas”. No livro “Poesia Reunida”, que se constitui dos livros “As Escadas da Torre”, “Poemas gregos”, “Livro de haicais”, “A decomposição de Johann Sebastian Bach”, “Lucernário”, “A Via Estreita”, “A juventude dos deuses”, “Entusiasmo”, “Em sonho” e “Os resistentes”, acompanhamos toda a sua trajetória poética que ora desliza pelos nossos olhos, arredia, ora cai sobre nossa cabeça, fatual, mas sempre inteira, sempre com integridade total.
A náusea da vida cotidiana, o tempo presente, a vertiginosa sensação do abismo, a matéria de memória, a permanência do divino caduco, a trágica finitude, a eterna juventude, está tudo lá, numa balbúrdia, pronta para nos levar numa viagem. Sua poética evoca, ainda, as ruínas do homem ocidental e é por este caminho que o autor envereda ao traçar um caráter de celebração e elegíaco nos poemas que são, contudo, sempre dolorosos e pungentes. Alexei Bueno não nos poupa de mostrar como nossa decadência como civilização e como indivíduos está na ordem do dia, inexoravelmente. Mas talvez, ao longo dos séculos, sempre esteve...
O autor traz uma teofania com ascese espiritual e dá a medida exata do que é o real nesse dia-a-dia de desespero e dor. Uma circularidade que demonstra “o efêmero triunfalismo da tecnologia do tempo presente”, como quer Ivan Junqueira, mais uma vez.
Em seu trabalho, o poeta se impõe com suas asas de anjo – anjo rebelde? – num precipício, ou num arranha-céu, e salta, como se saltar fosse a única alternativa. Brindemos à poética retumbante e imortal de Alexei Bueno.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Referências bibliográficas:
O Fio de Dédalo . Ensaios . Ivan Junqueira . Editora Record . Rio de Janeiro . 1998.
Poesia Reunida . Alexei Bueno . Editora Nova Fronteira . Rio de Janeiro . 2003.
Herdeiro de Homero (século VI a.C.), Alexei Bueno, segundo Ivan Junqueira, é ao mesmo tempo, coparticipante de toda literatura europeia desde Homero e incluindo a América Latina até os dias de hoje. E por isto mesmo possui noção e consciência agudas de seu lugar no tempo, de sua própria contemporaneidade.
Seu verso não se faz, no entanto, “a partir das matrizes gregas”, como diz novamente Ivan Junqueira, mas “através delas”. No livro “Poesia Reunida”, que se constitui dos livros “As Escadas da Torre”, “Poemas gregos”, “Livro de haicais”, “A decomposição de Johann Sebastian Bach”, “Lucernário”, “A Via Estreita”, “A juventude dos deuses”, “Entusiasmo”, “Em sonho” e “Os resistentes”, acompanhamos toda a sua trajetória poética que ora desliza pelos nossos olhos, arredia, ora cai sobre nossa cabeça, fatual, mas sempre inteira, sempre com integridade total.
A náusea da vida cotidiana, o tempo presente, a vertiginosa sensação do abismo, a matéria de memória, a permanência do divino caduco, a trágica finitude, a eterna juventude, está tudo lá, numa balbúrdia, pronta para nos levar numa viagem. Sua poética evoca, ainda, as ruínas do homem ocidental e é por este caminho que o autor envereda ao traçar um caráter de celebração e elegíaco nos poemas que são, contudo, sempre dolorosos e pungentes. Alexei Bueno não nos poupa de mostrar como nossa decadência como civilização e como indivíduos está na ordem do dia, inexoravelmente. Mas talvez, ao longo dos séculos, sempre esteve...
O autor traz uma teofania com ascese espiritual e dá a medida exata do que é o real nesse dia-a-dia de desespero e dor. Uma circularidade que demonstra “o efêmero triunfalismo da tecnologia do tempo presente”, como quer Ivan Junqueira, mais uma vez.
Em seu trabalho, o poeta se impõe com suas asas de anjo – anjo rebelde? – num precipício, ou num arranha-céu, e salta, como se saltar fosse a única alternativa. Brindemos à poética retumbante e imortal de Alexei Bueno.
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Referências bibliográficas:
O Fio de Dédalo . Ensaios . Ivan Junqueira . Editora Record . Rio de Janeiro . 1998.
Poesia Reunida . Alexei Bueno . Editora Nova Fronteira . Rio de Janeiro . 2003.