Na maioria das obras de Machado de Assis há a (re)apresentação da história do Brasil durante o século XIX. Passou por diversas fases literárias para chegar a um patamar que nenhum outro escritor havia alcançado. Seus romances e contos sempre mostram um teor de preocupação com os problemas socioculturais brasileiros vigentes na época, principalmente o alto teor estrutural de uma sociedade provincial e de caráter senhorio, pensamento bastante, segundo Sidney Chaloub, cotidiano à época.
Durante toda a sua produção literária, Machado de Assis sempre tentou fixar-se a um estilo próprio e a crítica persistia em caracterizá-la em dois polos: a romântica, em que se encontra apenas o convencionalismo ao enredo, e realista, iniciada por Memórias Póstumas de Brás Cubas e a partir da qual começou a ter uma atitude mais crítica e objetiva aos temas contemporâneos.
Em suas primeiras obras – como Falenas e Americanas (poesia); História da meia-noite (conto); Helena, A Mão e a luva, e Iaiá Garcia (romance) -, é bem perceptível sua visão ainda romântica com um cânone não filiado à natureza tropical que era um tópico comum entre os romancista e poetas da época. O lirismo exacerbado também não era usual na escrita machadiana, entretanto mostrava-se certo equilíbrio nesta temática. Havia uma correlação com o comportamento humano e seus sentimentos que, hora e outra, estabeleciam-se em uma mesquinhez precária de uma herança inalienável resultante de uma sociedade costumeira e que consentia poucas formas de ascensão e social, e a partir da qual Machado desenvolveu uma exímia análise sobre a loucura ativa neste meio.
É com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas que Machado de Assis dá um grande salto em sua literatura que começa a ser elaborada de uma forma mais amadurecida e pertencente ao Realismo, embora o escritor não gostasse dessa descrição literária e não colocasse suas obras na ramificação realista, pois compreendia que escrevia a partir de suas próprias concepções sem se apegar a nenhum ideal de qualquer escola, além de criticar escolas filosóficas, como o determinismo e o cientificismo. Exemplo está no livro Quincas Borba, em que Machado realiza uma bifurcação entre dois pensamentos filosóficos - o Humanismo e o Positivismo -, a fim de constituir uma concepção humanista que dá valor a um entendimento afetivo, racional e prático do homem.
Além de discorrer sobre as escolas filosóficas europeias do século XIX, Machado de Assis costumava tematizar a escravidão que sempre era vista de forma oblíqua na literatura da época. E sob os moldes naturalistas, partia de uma visão coletiva sobre a sociedade e criticava todos os aspectos do individuo, como o casamento, tradições, família ligada ao homem e a mulher, a qual sempre era tratada com objetiva e força de caráter.
O estilo machadiano demonstra o modo singular de composição: enquanto a maioria dos escritores realistas da época não demonstrava o narrador durante toda a narrativa – assim como Flaubert – ou, como os naturalistas que seguiam Zola, detalhavam toda a história, Machado de Assis cultiva estas duas formas de escrita e corroborava uma metalinguagem que formava uma obra cheia de humor e/ou melancolia partindo de um ponto reflexivo, no entanto não compunha uma narrativa cronológica que se delineia através da memória do narrador ou dos personagens, como acontece em Memórias Póstumas de Brás Cubas, cujo personagem principal é um defunto-autor que narra a história a partir da relação entre passado e presente. Por conseguinte, encontramos neste livro a possibilidade de uma revolução ideológica e formal: a partir de Brás Cubas, Machado utiliza o desprezo ao centro dos ideais românticos e à forma onisciente do narrador – que sempre esteve fora dos acontecimentos do enredo -, passando a utilizá-lo a fim de perpetrar afirmações sobre a consciência dos indivíduos fracos e incoerentes que viviam na época.
Assim como aos problemas sociais, Machado ligava a vários pontos de sua obra a arquétipos. Por exemplo, em Dom Casmurro – que se pode comparar a Otelo - o autor relaciona o ciúme de Bentinho a um retrato moral da época o qual se permeava em uma sociedade centrada em um desencanto com a vida, com o homem e consigo mesma e cujo aspecto ironizava a hipocrisia sociopolítica.
No entanto, não se pode falar que Machado de Assis rompeu com a literatura francesa por ter um dialogo direto com o leitor. Foi, possivelmente, um reprodutor passivo de escolas literárias europeias, e, por meio desse detalhe, fala-se permanentemente que foi um escritor realista, impressionista, fundador da romance psicológico ou do romance moderno, uma vez que estas definições – principalmente sobre o romance moderno – estão ligada à história da literatura, modificada nas culturas de cada nação que possuem sociedades complexas e, portanto, uma vida urbana a partir do qual se montam personagens por meio de perspectivas dúbias sobre o que este personagem pensa, pois não é mais necessário que o narrador represente a sociedade de forma crítica e coletiva, dissertando sobre os problemas políticos e sociais, como a escravidão. Logo, o narrador necessita ser a voz da literatura a fim de construir novos olhares sobre a literatura e formar novos gêneros literários, como em Dom Casmurro no qual Bentinho representa uma sociedade burguesa decadente sobre a qual Machado descrevia partindo da loucura, da desigualdade social e da luta de classes.
Em suas primeiras obras – como Falenas e Americanas (poesia); História da meia-noite (conto); Helena, A Mão e a luva, e Iaiá Garcia (romance) -, é bem perceptível sua visão ainda romântica com um cânone não filiado à natureza tropical que era um tópico comum entre os romancista e poetas da época. O lirismo exacerbado também não era usual na escrita machadiana, entretanto mostrava-se certo equilíbrio nesta temática. Havia uma correlação com o comportamento humano e seus sentimentos que, hora e outra, estabeleciam-se em uma mesquinhez precária de uma herança inalienável resultante de uma sociedade costumeira e que consentia poucas formas de ascensão e social, e a partir da qual Machado desenvolveu uma exímia análise sobre a loucura ativa neste meio.
É com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas que Machado de Assis dá um grande salto em sua literatura que começa a ser elaborada de uma forma mais amadurecida e pertencente ao Realismo, embora o escritor não gostasse dessa descrição literária e não colocasse suas obras na ramificação realista, pois compreendia que escrevia a partir de suas próprias concepções sem se apegar a nenhum ideal de qualquer escola, além de criticar escolas filosóficas, como o determinismo e o cientificismo. Exemplo está no livro Quincas Borba, em que Machado realiza uma bifurcação entre dois pensamentos filosóficos - o Humanismo e o Positivismo -, a fim de constituir uma concepção humanista que dá valor a um entendimento afetivo, racional e prático do homem.
Além de discorrer sobre as escolas filosóficas europeias do século XIX, Machado de Assis costumava tematizar a escravidão que sempre era vista de forma oblíqua na literatura da época. E sob os moldes naturalistas, partia de uma visão coletiva sobre a sociedade e criticava todos os aspectos do individuo, como o casamento, tradições, família ligada ao homem e a mulher, a qual sempre era tratada com objetiva e força de caráter.
O estilo machadiano demonstra o modo singular de composição: enquanto a maioria dos escritores realistas da época não demonstrava o narrador durante toda a narrativa – assim como Flaubert – ou, como os naturalistas que seguiam Zola, detalhavam toda a história, Machado de Assis cultiva estas duas formas de escrita e corroborava uma metalinguagem que formava uma obra cheia de humor e/ou melancolia partindo de um ponto reflexivo, no entanto não compunha uma narrativa cronológica que se delineia através da memória do narrador ou dos personagens, como acontece em Memórias Póstumas de Brás Cubas, cujo personagem principal é um defunto-autor que narra a história a partir da relação entre passado e presente. Por conseguinte, encontramos neste livro a possibilidade de uma revolução ideológica e formal: a partir de Brás Cubas, Machado utiliza o desprezo ao centro dos ideais românticos e à forma onisciente do narrador – que sempre esteve fora dos acontecimentos do enredo -, passando a utilizá-lo a fim de perpetrar afirmações sobre a consciência dos indivíduos fracos e incoerentes que viviam na época.
Assim como aos problemas sociais, Machado ligava a vários pontos de sua obra a arquétipos. Por exemplo, em Dom Casmurro – que se pode comparar a Otelo - o autor relaciona o ciúme de Bentinho a um retrato moral da época o qual se permeava em uma sociedade centrada em um desencanto com a vida, com o homem e consigo mesma e cujo aspecto ironizava a hipocrisia sociopolítica.
No entanto, não se pode falar que Machado de Assis rompeu com a literatura francesa por ter um dialogo direto com o leitor. Foi, possivelmente, um reprodutor passivo de escolas literárias europeias, e, por meio desse detalhe, fala-se permanentemente que foi um escritor realista, impressionista, fundador da romance psicológico ou do romance moderno, uma vez que estas definições – principalmente sobre o romance moderno – estão ligada à história da literatura, modificada nas culturas de cada nação que possuem sociedades complexas e, portanto, uma vida urbana a partir do qual se montam personagens por meio de perspectivas dúbias sobre o que este personagem pensa, pois não é mais necessário que o narrador represente a sociedade de forma crítica e coletiva, dissertando sobre os problemas políticos e sociais, como a escravidão. Logo, o narrador necessita ser a voz da literatura a fim de construir novos olhares sobre a literatura e formar novos gêneros literários, como em Dom Casmurro no qual Bentinho representa uma sociedade burguesa decadente sobre a qual Machado descrevia partindo da loucura, da desigualdade social e da luta de classes.