Passei esta semana provocando discussão sobre a precária realidade editorial do Brasil. Dos contatos diretos que mantive com pequenos e médios editores, o que mais ouvi foram lamúrias e quase nenhum projeto. Reclamam de tudo para justificarem a embromação ou a negativa diante de um original que represente publicação de livro. Eu até compreendo as dificuldades, mas o autor não procura um editor para servir de confessionário. Alguns desses editores são preocupadíssimos com o marketing pessoal, com fotos fofinhas no Instagram, frases de efeito nas Redes, entrevista no Estadão e textos para caçarem likes. Para essas empresas, o autor é coadjuvante do editor. E muitos autores gostam do papel de coadjuvantes, cultivam uma relação bajulatória, como se fossem mendigos atrás de esmola. No fim, o máximo que consegui foram leitores que ficaram com peninha de mim e me passaram listas de outras editoras como consolo. Não fiquem com pena, eu me viro. Fiquem indignados com esse mercado editorial viciado, com esse sistema incompetente, com esses clubes de patotas, com essa desculpa de que se não há leitores então não há novas publicações. E não se intimidem quando perguntarem qual é a solução, quem deveria buscar uma solução de melhor conduzir os autores são os editores, são eles que escolheram o ofício. Calar é que não colabora em nada. Não venham me procurar em off para concordar comigo, mostrem a cara, denunciem a arrogância dessas pessoas que dizem trabalhar com cultura, mas trabalham somente pelos próprios interesses. Tenham coragem.