SÍNDROME das PALAVRAS
Fio o texto porque me atrai o transtorno do passado se repetir em futuro traço das palavras. Então, anoto. Penso em sonhar futuros não completados no que o autor desejou dizer ao inventar ou recriar tais e tais palavras. Helena Rotta de Camargo expressa, “Depois de esburacados os sonhos e desfiadas as esperanças, que resta a nós recomeçar a tecê-los?”
Acelero o encontro entre os nós do tempo e me disperso na síndrome das palavras. Diante de tal segredo, debruço-me sobre a mensagem para refletir a realidade, como em Pedro Du Bois, “... a palavra vende ilusão / de farsa e desmancha / em provas...”
Transbordo ânsias por aprender depressa os vocábulos transformados em orações, como frases depositadas na página do livro. Duvido da palavra assumida pelo autor por que, como revela Vanessa L. Pietrobelli, “... Não se põem rédeas nas palavras / elas é que nos escolhem”. Assim, dispenso o gesto e escuto a voz que repousa em símbolos na folha e, nela, identifico a minha existência leitora a esclarecer a síndrome das palavras.
No extremo da concentração emudeço enquanto não leio as meias palavras que procuro no livro: amar e ser amada. Vanessa L. Pietrobelli retrata, “Quando estou poeta / Não sou eu que vos falo, / É a outra. / A outra palavra. / A outra sintaxe. / A outra metáfora...”
A única essência em mim é pensar o sentimento, porque escuto o som das palavras, dos mares nunca navegados e deslizo nas lembranças ao me afogar em memórias; palavras vazias que tecem a poeira do pensamento.
Encontro-me com o coração vazio quando teço o medo pelo relógio atrasado; perco a paciência do silêncio; corto as palavras que o autor constrói nas entrelinhas e, assim, tento me aproximar e sobreviver à síndrome das palavras. Vanessa L. Pietrobelli reflete, “O que sobra de nós / É sempre o silêncio. / Nós só nós somos ninguém”.