AMÉRICA MIRANDA
«UMA VIDA AO SERVIÇO DAS PESSOAS E DA ARTE»
Falar de América Miranda – a distinta poetisa do amor e da arte – é o mesmo que referir, como testemunho social e cívico, uma vida inteiramente devotada às pessoas e à Cultura.
Às pessoas, em primeiro lugar, à sua família por quem nutria uma paixão única e dedicada e a quem ofertou o melhor de si como esposa, mãe e avó, ansiando para todos eles o melhor que a vida lhes poderia oferecer e colocando no seu caminho aqueles instrumentos ideais para chegar à realização dos seus sonhos e ambições. Em segundo lugar, tentando, ela própria, consumar os seus intentos de procurar desenvolver e consolidar em si os talentos inatos, desde tenra idade, para a Poesia e para a expressão artística e dramática.
Maria América de Carvalho Alves Miranda, nasceu em 8 de Maio de 1935, na cidade do Porto, filha de mãe natural da Marinha Grande e de pai espanhol, nascido em Sevilha.
Estudou na Marinha Grande, Leiria, e concluiu o terceiro ano de Direito em Coimbra.
O ser neta do poeta, escritor e musicólogo Ilydio Duarte de Carvalho, personalidade muito prestigiada na Marinha Grande, onde existe um Largo com seu nome, sempre foi para ela um enorme incentivo e motivação.
Desde os primeiros anos da sua juventude sentiu em si uma paixão elevada por escrever, tanto em prosa como em poesia, complementando estas qualidades com a participação activa frequente na representação dramática em diversas peças teatrais.
Como escritora colaborou em mais de vinte Antologias, em Portugal e no estrangeiro, com seus poemas e tendo alcançado alguns prémios literários.
O seu primeiro livro em prosa e verso foi publicado em 1996 intitulado “A Minha Vida És Tu”. Já depois dessa data escreveu e publicou o que ela considerou o seu melhor livro “Vendaval de Emoções”. Recentemente, publicou ainda um outro intitulado “A Força e a Magia das Palavras”, livro muito apreciado pela crítica literária e que, de momento, se encontra já esgotado.
Foi fundadora e Presidente da Tertúlia Poética Ao Encontro de Bocage – poeta pelo qual ela sempre nutriu uma admiração fora do comum e do qual tentou e conseguiu, em certa medida, fazer chamar a atenção da opinião pública para a importância nas Letras Nacionais deste insigne poeta oitocentista.
Com este intuito projectou, além das sessões semanais da Tertúlia, no Teatro Nacional D. Maria II, um espectáculo de poesia e variedades – de dominância poética – primeiramente no auditório do Padrão dos Descobrimentos e nos últimos dez anos no auditório Carlos Paredes, em Benfica, em que teve sempre um destacado papel, abrilhantando e apresentando espectáculos muito concorridos e assistidos, nos quais sempre demonstrou a sua distinta “arte de bem-dizer” e dirigir.
Há que destacar, todavia, o seu papel decisivo na divulgação da Poesia e, acima de tudo, na promoção e apoio aos poetas e poetisas emergentes, na panorâmica das Letras do nosso País. Neste contexto releva-se a sua participação em programas da Rádio – destacadamente na Rádio Renascença – onde pontificava o popular António Sala – e nos quais sempre conseguiu vincar uma personalidade de competência e partilha.
Em simultâneo, foi notória a sua presença na imprensa escrita dirigindo um importante veículo de divulgação poética, através do conhecido jornal bimestral “O Arauto de Bocage”, procurando que nele estivesse bem viva a voz não só dos seus tertulianos como de poetas amigos seleccionados por si. Neste âmbito, foi importante o protocolo assinado entre esta Tertúlia e a Academia Internacional Il Convivio, de Itália.
Foi membro da Sociedade Portuguesa de Autores e da Associação Portuguesa de Escritores, tendo exercido em dada altura o cargo de Presidente da Assembleia Geral do Círculo Nacional de Arte e Poesia, Instituições nas quais o seu nome, desde sempre, angariou fama e respeito.
Nesta perspectiva destacamos o testemunho valioso e insuspeito do distinto escritor nacional Reis Brasil, autor do prefácio do seu livro “Vendaval de Emoções”: «O nome e a obra de América Miranda demonstram, de uma forma contundente, que ela se tem manifestado uma poetisa consagrada e genial. A sua obra comporta um singular valor humano e cultural. Nunca pensei que existisse uma personalidade tão forte e tão multifacetada. Só quem tenha assistido às Sessões da sua Tertúlia poderá fazer ideia daquilo que ela realiza, multiplicando-se em actividades do mais requintado teor artístico».
E diz também o conhecido escritor Júlio Roberto: “Não é poeta quem quer. Só quem pode. E quem pode é porque ouviu a voz de alguém que, acima dos humanos, enviou aquela mensagem que se fez palavra e acto e ambas se fizeram poesia… Mesmo que ela não escrevesse, a poesia está viva no seu coração e brota, a partir dele, transmitida sob a forma da Mulher-amante, da Mulher-mãe e da Mulher-amor…”.
A sua Tertúlia Poética – transubstanciou-se numa continuidade que não podia deixar de ser – pois que os tempos conturbados e despidos da verdadeira “ordem de valores”, e em baixa-cultural, assim o exige. Os tertulianos, que ainda resistem e se afirmam, reunidos voluntariosamente em coordenação com a Junta de Freguesia de Benfica, aprovaram a sua renovação assumindo, por consenso colectivo, uma real e merecida homenagem à sua Fundadora e Presidente: a Tertúlia passará a chamar-se «Tertúlia Poética América Miranda», ficando a poetisa como Presidente Honorária póstuma, tendo como seu patrono o lídimo poeta oitocentista Bocage.
Neste contexto – e tendo sido renovado o protocolo existente entre a Tertúlia e a Junta de Freguesia, para 2017 / 2018 – serão retomadas as tertúlias semanais habituais a partir dos inícios de Janeiro de 2018 e reiniciar-se-ão as Tertúlias Públicas, no Auditório Carlos Paredes, no primeiro sábado de Fevereiro.
Na sequência dos propósitos deste Projecto reiteramos a nossa aposta na colaboração com a Junta e com outras Instituições da Freguesia naquele sentido de partilha de experiências e de convivência na área da Cultura e das manifestações artísticas relevantes.
Porque «ser tertuliano» verdadeiramente é, segundo os nossos princípios, “quando no evoluir dos dias que passam nós nos lembrarmos a cada momento de que para além de nós temos muitos outros companheiros e cidadãos que comungam deste mesmo ideário e da mesma forma de estar na vida, dando testemunho de criatividade e de originalidade na arte de comunicar através da palavra feita canto e verso!
O coordenador da Tertúlia Poética América Miranda,
Francisco de Assis / Frassino Machado