RESILIÊNCIA
Salvemo-nos através da Poética, que é a emanação do espiritual puro, casto, ingênuo e fraterno que existe dentro de nós. O reino da fantasia, da farsa, da invenção e dos sonhos que redimem a humana dimensão. Território novo criado para acolher o Outro, que é tão ou mais infeliz quanto aos patamares da adversidade e hostilidade existentes dentro dos territórios do infrutífero e do precário. Aquele plano idealístico pessoal que nos paralisa exatamente pela alteridade entre o bem e o mal no decurso dos dias. Só nos domínios do poético se consegue estabelecer a exata diferença. Fora disso, é o caos e o esquecimento. No entanto, apesar de seu lirismo e doçura, dificilmente o poema será zona de conforto para seu senhorio, que geralmente é um atordoado “de lucidez enternecida”, que é compelido a fazer o poema para fugir da dor e do sofrimento de estar no mundo. A impotência para mudar o que parece errado no mundo dos fatos produz o poema: um misto quente de sal e esperança...
– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.
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