A BEM DA VERDADE

Eu tive a circunstancial oportunidade de ler o livro MARIMBONDOS DE FOGO, de autoria de José Sarney, ex-presidente brasileiro (1985-1990), quando de uma visita ao Rio de Janeiro, em 1978, ainda em composição editorial, a convite do editor Sérgio Ribeiro Rosa – SRR, crítico literário gaúcho nascido em Porto Alegre, residente no Rio, e presidente-fundador da Associação Brasileira de Crítica Literária – ABCL. Walmir Ayala, escritor e poeta sul-rio-grandense nascido em Porto Alegre, então funcionário da Funarte, já havia lido a obra analiticamente, com parecer favorável. O livro de poemas, no meu entender, é bom, bem acima da mediania, apesar de que Millôr Fernandes descreveu Marimbondos de Fogo como "um livro que quando você larga não consegue mais pegar"... No entanto, já o reli várias vezes, e continuo entendendo que contém uma bela abordagem no gênero Poesia. Todavia, a publicação de tal obra, quanto ao mérito literário, não autorizaria o seu ingresso na Academia Brasileira de Letras, sediada no RJ. Acontece que José Sarney não entrou na ABL pelo critério de mérito literário, e sim pelo de NOTORIEDADE PÚBLICA, que, desde a fundação da ABL, em 20 de julho de 1897, foi um dos critérios formadores da entidade acadêmica nacional, corrente liderada por Joaquim Nabuco. A outra vertente é a da QUALIDADE LITERÁRIA, liderada por Machado de Assis. A academia tem mantido, nestes mais de 120 anos de existência, ambos os critérios para a escolha de seus componentes.

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017.

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