Procura-se

Procuro Meu Pai

Minha mãe Maria Lúcia, surda muda, nunca pode falar quem ele era...

A não ser com gestos: seguindo a rua, virando a direita e logo em seguida a esquerda, ao lado da casa do bar, pegando um ônibus a caminho de um lugar que faz frio... Lá ela dizia, ao seu modo, como encontrá-lo... Nunca encontrei!

Logo ela morreu e fiquei sem pai e sem mãe neste mundo.... E sem ninguém que pegasse na minha mão e me mostrasse o caminho até ele...

Procuro um pai para fazer castelo de areia, me ajudar a subir na árvore, brincar de cavalinho, me levar no parque, fazer a lição...

Procuro um pai que nem sabe que eu existo e se sabe tem medo de mim....

Apesar de não tê-lo comigo, tive a oportunidade de ter muitos pais, que muitas vezes eram mães, tias, pais de amigos daquela carona de volta de um congresso ou festa, um camarada, amigos que naquele momento decisivo pode dar aquele conselho que meu pai daria... Eu acho...

Depois descobri que sou pai de mim. Que a sua ausência, somada aos pais que a vida me deu, me tornou o pai que eu sou.

As vezes, meus filhos querem, brincar de ser pai e eu o filho, e aprendo muito com eles - coisas que eles não diriam como filhos - , e corrigir eventuais erros que eles espelham em mim de brincadeirinha...

Me sinto privilegiado por ser pai de 2 meninos lindos! (Ainda sonho com uma menina (literalmente)) E de poder fazer coisas simples de pais e filhos para que quando eu ficar velhinho e ser vovô, contar as coisas que aprontavamos juntos. E a gente apronta!

Se você é filho, vai atrás do seu pai. Se é pai, não abandone seus filhos. No final, talvez, os filhos superam sua ausência, mas faz falta, mesmo que não possa dizer... E sempre haverá tempo...

Feliz Dia dos Pais a todos e em especial aquelas tias que foram pais e mães pra mim.

Gilson Rodrigues
Enviado por Bete Mestra em 13/08/2017
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