O vilão bíblico
O viajante ao viajar busca entende-se melhor a si mesmo e ao olhar o mundo em outras perspectivas. O autoconhecimento é ainda uma das facetas do longo processo que é a viagem em si.
Trata-se de uma fuga não declarada dos problemas familiares e cotidianos que azedam semanas e dias, e a fuga serve para isso, cada viajante parte em busca de uma aventura que possa viver em paz e tranquilidade durante alguns dias da sua vida.
A busca por aventura ou experiências agradáveis deve também fazer parte do pacote, é uma parte importante de todo o processo, é um esforço para sair da rotina, e requer planejamento e outros detalhes como preparar malas. Nesta coluna viso dar continuidade ao assunto tratado na coluna anterior. Nesta portanto vou comentar do vilão no contexto bíblico, pode ser até um tanto complexo e inexato.
A Bíblia desde de seu início, por uma fina ironia define esse dois campos com certa riqueza de detalhes, essa definição somente abrange o aspecto espiritual das situações ali narradas. Nesse ínterim , seus narradores determinam as narrativas com certeza precisão.
A vilania é determinada por mais por decisões e ações da dada personagem muitas vezes sombria, em outras vezes a maldade sai da sombra e age com certa serenidade, onde o Mal deixa ser um mero símbolo, e passa assim desta maneira a ter atos comunicáveis e concretos.
Esse vilão em apreço é totalmente norteado pelo Mal no seus pensamentos, em detalhes ele planeja todos passos de seu ato maligno, essa detalhamento prescreve em termos claros qual sua meta de forma fria e certeira, mas aí reside um segredo que desafia a mente humana, como ele alcança as fraquezas?Essa resposta pode ser dividida em inúmeros aspectos a serem dimensionados:
O primeiro aspecto, um sentimento sempre age nas sombras, todas as maldades executadas pelo vilões bíblicos nascem de um único sentimento impuro que lhe dirige seus passos, digamos de passagem que o Mal se aproveita destas ocasiões em que o laço fraternal que une a humanidade é rompido, quando esse laço de fato se rompe, surgem uma gama de sentimentos maus.
A gama de sentimentos maus vai rumo a ideia de um ato concreto e frio, onde pode ser realizado de forma distante da justiça e do equilíbrio social, age rumo das más intenções e decisões que ferem a ideia de sociedade perfeita e direita.
O segundo aspecto, sempre quando a maldade existe uma imaginação maligna norteia o tal individuo rumo a um conjunto de riscos que o limitam em sua sociedade ou comunidade, e nisso perde a dignidade , essa dignidade é valiosa pois diz á respeito da sua humanidade que se manchou e se perdeu e precisa ser resgatado por alguém superior.
Na verdade os dois primeiros desses sete aspectos são vinculados por uma causa simples, o Mal controla a mente humana, que é incapaz de resisti-lo na hora certa, essa resistência seria um exercício de espiritualidade que por sua vez também é norteada pela mente.
O terceiro aspecto a maldade praticada pelo vilão só vem a existência quando é determinada por um conjunto de verbos de ação e palavras de força imaginativa. Nesse momento o que está somente na imaginação frustrada do vilão ganha maior força e vem a dimensão do concreto. O problema maior de fato está aí nessa situação. pois a palavra determina a existência de objetos e ocasiões.
O quarto aspecto, o ambiente faz a diferença, a existência do vilão bíblico depende exclusivamente do ambiente em que tais fatos vem ao mundo, eles tem muita relevância em certas instâncias. O Mal sempre é procurados como uma via alternativa , quando as visões humanas esgotam , e vários textos comprovam isso.
Essa convocação do Mal, nada mais é que uma insegurança natural da humanidade, que estudos bíblicos comprovam a presença torturante do medo, trata-se de um caminho de risco e ansiedade que produz situações e insinuações cada mais perigosas.
O quinto aspecto, a seriedade do Mal, nessa tangente que deforma a vida real do vilão bíblico, nessa caminho reage as situações inesperadas e uma forma de interagir com a realidade formal do mundo bíblico, onde o vilão é instigado a produzir situações concretas de maldade.
O perigo está exatamente nessa seriedade que insurge mediante provocações ás vezes acidentais ou vezes intencionais , mas o Mal se faz presente. Em termos gerais, o leitor da Bíblia atual não aceita essa forma de concepção do texto bíblico, e dizem que o Mal interfere nas formas de interpretações e na vida dos intérpretes e algo muito arriscado.
O sexto aspecto diz á respeito da presença do Mal, essa presença na verdade amplia os tentáculos do poder, isso ocorre mediante as incorporações de atos que o atraem ao ambiente. O Mal sempre expande sua presença, e o vilão é seu agente dessa expansão, as narrativas bíblicas sempre indicam isso desta forma.
Essa expansão é um desafio constante para os vilões bíblicos, o risco dessa expansão da presença do Mal, decodifica o caminho ou trilha de bodes para as maldades consequentes que tardiamente acontecerão no mundo bíblico.
O sétimo e último aspecto, o vilão sempre é um agente do Mal, esse se vincula ao anterior, mas os leitores da Bíblia atuais os encaram como Sombras da Maldade, pois o Mal age em figuras e nunca em pessoa, essa lembrança assusta todo leitor e por consequência os intérpretes.
A função nada solícita de agente do Mal, sugere que o mesmo age em prol da maldade. Essa função resultante de uma desmedida ambição, por natureza todo vilão bíblico é um ambicioso e arrogante e que detesta e despreza os valores sociais e morais.
Em vias de conclusão, podemos assim toda estrutura moral e social do vilão bíblico, que não é um sujeito frio ou com calafrios , mas alguém capaz de ser um agente do Mal em todos ambientes com extrema e incisiva ambição que elimina a sociedade que o cerca naquele momento.
Não se trata de um descartado nem marginalizado , é sim um elemento infeliz que destrói a essência da humanidade que sempre foi cara para a mesma em diversas ocasiões e momentos ao longo da História, é um construto que foi sedado pelo poder do Mal.