CONCEBER É RECRIAR O MUNDO
Todo o ato de criação literária contém um determinado patamar de genialidade, segundo a ótica e a dotação específica de seu autor: talento, conhecimento acumulado, arrojo e ousadia para a construção do poema como exemplar marcado pelo Novo: aquilo que, além da criatividade, contém perceptível originalidade na maneira ou formato de expressão. Tal degrau estético igualmente será mensurado segundo a apreciação do receptor, o qual lhe dará vida e sentidos próprios e peculiares. É com a descoberta e a efetivação do ato da leitura que poderá surgir o estranhamento, a fruição, prazer e gozo, respectivamente, no sentido freudiano. Nem todos, no universo do poeta-autor e no do poeta-leitor, conseguem atingir patamar igualitário, porque cada cabeça pensa de uma forma individuada, portanto concebe o mundo de modo diferenciado. Não e à toa que os latinos tenham consignado que “cada cabeça, uma sentença”. Desta sorte o Novo, num conjunto estético de valores inusitados e/ou desarrazoados – quase sempre num átimo imprevisível – letárgico e mansamente chega e toma conta do cenário, sem pedir licença. Desta sorte, o mundo circundante resta surpreendentemente recriado, para o imediato alívio da criatura sempre condenada ao pensar, e, em muitos casos, a sair da inércia. Sem o rompimento desta, o ser humano nunca será aríete capaz de produz mudanças...
– Do livro OFICINA DO VERSO: O Exercício do Sentir Poético, vol. 02; 2015/17.
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