O CANTO DE VIVER

Que estejamos presentes por signos e imagética. Aquilo que se não formata, o coração jamais sentirá. A palavra tem este imediato poder: curtamo-nos pela entrega ao Outro primeiramente pelo Verbo. E não nos dispersemos com aquilo que é sabidamente feio. Não pela feiura havida pelo nascer, porque esta não é atentatória à condição humana e sim é o sentir do Absoluto, e a este não se deve questionar somente pelo caos da silhueta. Somos bonitos ou feios segundo o perfil e a ótica do interlocutor. Este é um dado implacável, se bem que pouco assumido ou referenciado pelo autor de avaliação estético-formal. No entanto, é necessário reforçar o Belo em nosso entorno, e recriar com ele o universo pessoal em cada momento. Para atingir a felicidade necessitamos de todos os possíveis afetos e (suas) amorosas sequelas. Quando te recebo sem mais nem menos, passas a ser (em mim) um dos elos do mistério para a recriação do mundo pelo signo forjado. Só sabem cumprir este insensato desafio os ousados e/ou arrojados que dão azo à sensibilidade – aqueles que emitem com destemor o canto de viver que a palavra entoa. Bem-vindo, meu irmão escriba!

– Do livro A VERTENTE INSENSATA, 2017. – abertura.

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