O Recanto é Poesia
O recantista é acima de tudo - e só abaixo de Deus, que tá sempre nas grimpas - um Poeta. Dois milhões e quarenta e dois mil textos cá publicados são a sublimidade da criação literária. E o gênero literário, por quantidade de produção mais próximo da excelsa Poesia, justa e apropriadamente - para parodiar o nosso Guia-Mor, Michel Temer em seu discurso - é o do Pensamento, que alcança a expressiva cifra de 393.000 textos.
Um fosso abissal, nada obstante, entre a primeiríssima dama do Recanto e seu mais persevante e constante seguidor. E o resto, como diria aquele famoso Presidente do Corínthians, um Mateus, se não erro nos lembrares meus, bem, o resto, atrás vem. Crônicas, Frases, Artigos, Experimental, Eróticos, o escambau...
O confrade de maior produção literária - corrijam-me se estiver errado - é Marcial Salaverry, que já dobrou a casa dos vinte mil textos, tem pra cima de 11.500 deles sob a rubrica da Poesia. E olhem que, de admissão própria, Salaverry somente começou a escrever a partir de 2001...Tivesse ele se iniciado na puberdade, como sói com um vasto contingente recantista que me parece impossível de quantificar, quantos textos mais não nos teria dado a pena dessa verdadeira usina da Poesia...
Conquanto pouco afeito a essa forma considerada rainha da expressão literária, eu gosto sim de ler Poesia, assim como os seus assemelhados
mais populares, e de robusta presença cá no Recanto, como é o caso do Cordel, do Poetrix, do Haiku (tem gente que prefere grafar Haikai...), da Prosa Poética, da Trova, do Experimental, et coetera.
Mas pouco produzo nesse domínio, inobstante o fato de ter pego a mania de escrever prosa rimada. E não me têm faltado observações da parte de amigos, literatos inclusive, que ando abusando - e me lambuzando - desse expediente. Modera, Paulo...mas quede que do ouvidos...É como sair dirigindo e, o que também vai virando hábito, ser pego pelo radar por estar acima de 60... Pobre Roberto Carlos, se decidir voltar à estrada de Santos...Sua sorte, porém, tá nos congestionamentos, que se para nós são uma praga, imaginem pro Braga...
Voltemos à linha da Poesia: quantos bons autores, excelentes, não temos neste nosso pedaço...Pena não dar para ler, apreciar e comentar mais por vicissitudes temporais. Mas há autores que parecem corporificar essa forma de expressão, que eu gostaria de singularizar aqui, sem desmerecer tanta gente bamba no verso: HLuna é um caso patente, recorrente e impenitente, de la Poésie avant toute chose...essa cariocalencarina, até quando pena, fascina...Temos também o Poeta dos versos apaixonados, do puro arrebatamento, e das rosas a ornarem permanentemente os seus inspirados textos de Poesia>Amor. E o nosso Vate-Sultão Facuri que, não bastassem os seus apreciadíssimos versos, vive cercado de encantadas e encantadoras poéticas-musas, e musos também, cuja lista se cá fosse citar encheria mais páginas do que o calhamaço que compõe o currículo-vitae, do Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, recém-aprovado após dura sabatina senatorial.
Mas, porém, contudo, todavia, entretanto e no entanto, não posso deixar de registrar aqui o meu pendor pela Trova, que se não ouso inserir no gênero Poesia, admito que pratico à riviria. Duma estimativa recente que levantei, contava mais de 6 mil textículos nesse formato. E apesar da profusão, se inquirido de supetão, não saberia distinguir por exemplo uma Trova duma Quadra. Creio ter visto algures que a Trova não comportaria título, diferentemente da Quadra. Ou seria vice-versa?
Uma curiosidade para mim foi constatar que o Provérbio é um gênero de escassa produção neste Recanto: no total soma pouco mais de 700 unidades. E logo o Provérbio, presente até na Bíblia, e praticamente em todas as culturas universais, andar tão escasso entre nós...Será porque achamos que nesse domínio já estaria tudo escrito, tudo coberto, nada mais havendo que inventar?