MÁQUINA DE MOSTRAR O TEMPO

É escuro ainda quando ponho meus pés grandes no piso frio do quarto – nunca acerto a percata de primeira –.

É sempre o mesmo fio frio que me percorre e me acende. Antes mesmo de achá-los, acho o cigarro e o acendo enquanto me calço.

A sala está escura e a lua tenta forçar a cortina da janela entreaberta. Ligo a luz amarela meio que a expulsando e sento na escrivaninha alongando os dedos.

Quando começa a sair texto, sai tudo, também sai vida e o tempo fica lento e vai parando alheio ao sol nascendo e aos passarinhos cantando.