O CADINHO DAS MOEDAS
Participai das interlocuções comentando os textos e poemas, que é uma boa maneira de vos dizer presentes ao coração do poeta-autor em quem, sorrateiramente, o alter ego habita sem convite expresso, um hóspede falante por vezes até inconveniente. Enquanto este é o provocador subjacente, através de seus códigos velados, ao poeta-leitor, em regra, cabe instigar à reflexão o criador exposto à análise crítica, através das interações prosaicas e poemas nascidos da intertextualização, caso também seja este mais um condenado ao intuitivo. O contextual poético comove – este é o seu desiderato – e a emoção tateia irmandades: concepções, entendimentos de como ver o mundo deste ou daquele viés. E com a unicidade da palavra-seta original exsurgem trajetos de mãos dadas. Autor e leitor são faces da mesma moeda, mesmo que antes do ato de leitura nenhum saiba da vida do outro, nem se conheçam ou até sejam antagonistas por concepção filosófica. Palavra é dólar de muitas faces no forno da gestação. A Poética se faz empoderamento quanto mais pessoas dela compartilham e a louvam. O Verbo tem força e destinação. Assim o mote se potencializa ameaçando o poder eventual nas mãos de poucos, e evita o absolutismo. Adentrai ao quociente democrático...
– Do livro OFICINA DO VERSO, vol. II, 2015/16.
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