MENINOS DO CERRADO - PARTE IX (FINAL)
Depois de tudo
O tempo foi passando, passando, passando, as crianças foram crescendo, crescendo, crescendo e, lamentavelmente, muitas crianças e adolescentes caíram no mundo das falsas facilidades e engolidos pelas tragédias da violência, graças a falta de instabilidade das famílias e excesso de inoperância dos governos.
Nada, nada foi surpresa, tudo o que, aos poucos, iam acontecendo com diversas crianças e adolescentes da minicidade, já era visto, por muitos, a olho nu, como uma tragédia anunciada.
Quando se pega milhares de pessoas carentes e as despejam num lugar sem estrutura, principalmente, com milhares de crianças e adolescentes que não têm sequer a oportunidade de se manter ocupados com cursos, atividades esportivas e de lazer, o caminho é a drogadição, a criminalização e o envolvimento em atividades de cunho ilícitos.
Para se ter uma ideia da calamidade que a minicidade se encontrava anos depois que o mandato de representante da minicidade venceu, muitas daqueles adolescentes assistidos pelos programas mantidos pela associação já nem existiam mais e, como se isso não bastasse, muitas crianças estão desassistidas à caminho do mundo da criminalidade.
O resultado da falta de bom senso governamental foi o crescimento da violência, da criminalidade, assaltos, furtos e roubos. Não adianta querer colocar a culpa nas crianças e adolescentes, tampouco em seus familiares e responsáveis, pois a culpa disso tudo deve ser atribuída aos governos que não oferecem oportunidades à juventude. Parece ser mais viável para o Estado, enquanto instituição, mandar apreendê-los ou extingui-los que investir em educação.
Apesar de a minicidade continuar passando por todos esses e outros problemas, alguns projetos, como por exemplo, o Projeto Meninos do Cerrado continuam dando certo e assistindo muitas crianças e adolescentes, porém, a minicidade possui mais de trinta e dois mil habitantes carentes, sendo que cerca de quase dois terços desse número ser formados por crianças a adolescentes. Seria impossível um projeto que não receba ajuda de terceiros dá conta de assistir tantas crianças e adolescentes. Será necessário uma intervenção imediata e precisa do Estado, no sentido de salvar a vida de nossas crianças e adolescentes. Mas o que realmente tem acontecido é políticos aparecerem na minicidade somente em épocas de eleições partidárias, levar os votos da comunidade e ir embora fazendo o povo de bobo. Outrora pseudolideranças são pagas para angariar os votos para alguns políticos que, depois de votados e eleitos com os votos do povo arrumados, a pseudolideranças passa a andar de carro novo com o dinheiro pago pelo político e o eleitorado continuar andando de ônibus superlotados, enquanto políticos eleitos esbanjam poder.
Gilson Vasco
escritor