BREVE ABORDAGEM DA TROVA
Por Oswaldo Francisco Martins
Engenheiro químico (UFBA, 1976), pós-graduado em Engenharia Química (UFBA, 1991), licenciado em Matemática (UCSAL, 1986), mestre em Engenharia Industrial (UFBA, 2013), Perito Criminal (Acadepol/BA, 2016), professor universitário, escritor, acadêmica e/ou associado a academias literárias e a instituições técnicas e científicas.
RESUMO
Apresentam-se informações sobre a origem, a definição e algumas peculiaridades da trova em suas características e a prática no país, instituições e trovadores de destaque. Usam-se exemplos e informações dispostas na literatura e na rede mundial de computadores.
Busca-se estabelecer um panorama da trova, o que pode ser complementado pela leitura das referências mostradas no final do texto.
Característica
A trova é um poema em forma de estrofe única ou quarteto ou quadra e quase sempre não titulada, mas não necessariamente não titulada, apresentando 7 sílabas poéticas cada 1 dos 4 versos, cujos rimas finais são frequentemente do tipo ABAB, havendo mais raramente as rimas dos tipos AABB e ABBA, exigindo-se a ocorrência de tonicidade nas 5ª e 7ª sílabas poéticas (em FARIA, p. 6, exige-se apenas que 2 dos 4 versos sejam rimados) de cada um dos 4 versos.
Por ser autoexplicativa, dispensa frequentemente um título, mas é recomendável numerá-la com algarismos arábicos em textos da mesma, de sorte que se faculte ao autor a possibilidade de referenciá-la.
Quando um conjunto de trovas for apresentado, é boa norma titulá-las com o nome único “Trovas”. Se a temática ou o mote das trovas for o mesmo para todo o conjunto (AFRÂNIO, p. 23), em vez do simples nome ou título “Trovas” poderá ser usado o tema de que tratam.
Em citação de trova isolada dentro de um texto, dever-se-á pôr o nome do autor após o 4º verso. Para um conjunto ou bloco de trovas do mesmo do autor, situar-se-á o nome do autor após o título do conjunto em questão, ou seja, após o título “Trovas” ou do próprio tema, este se houver comum ou único para os exemplares do autor apresentados ali, ou melhor, imediatamente antes do 1º verso da 1ª trova e após o título do bloco de trovas em foco.
Todavia, sendo a trova composta de uma única estrofe de 4 versos, pessoas menos atentas aos cânones da poesia certa tendem a denominar erroneamente toda e qualquer quadra de trova, quando apenas é verdadeira a sentença que afirma que toda trova é uma quadra não titulada (na maioria das vezes!) e a recíproca é falsa!
É vero que uma quadra será provavelmente uma boa trova quando dispensar um título por ser de compreensão óbvia e se tiver versos em redondilha maior e possuir rimas dos tipos citados no primeiro parágrafo deste item.
Negligenciar o emprego da métrica tem sido a liberdade apregoada pelos defensores de versos livres que, curiosamente e com grande frequência, pouco ou nada sabem de versificação regular, o que se nos traduz em perda de qualidade, particularmente quanto à degradação do ritmo e da cadência sonora dos versos, convergindo o escrito poético para a prosa. É nesse viés que quadras em versos livres (Eno Teodoro Wanke, certa feita, inconformado provavelmente com a poesia livre exageradamente povoando a criação dita versejada, registrou sarcástico protesto: “alguns dos versos livres que andam por aí deviam estar é presos”, disponível em: <http://www.plataforma.paraapoesia. nom.br/tacm_plata.htm>, acesso em: 17 jan. 2016) acabam sendo chamadas de trovas erroneamente, revelando-se-nos o desconhecimento da escansão do verso e do correto uso da métrica, da classificação da estrofe quanto ao número de pés métricos e do não cumprimento da obrigatoriedade dos tipos de rima (vale salientar que é empregada exclusivamente a rima ABAB no âmbito da UBT).
É público e notório que muitos caem nos versos decadentes nestes tempos modernosos e se avoluma o surgimento da simples e livre quadra, que brota branca, solta e polimétrica e, justo por isso, não compõe o universo da trova propriamente dita!
Tem-se que a trova diz claramente o pensamento do vate sobre o que este aborda, ou melhor, troveja. Por conseguinte, a trova é densa em riqueza de expressão por usar apenas 4 versos e ter de dar o recado com eles; e, rígida, por preservar a redondilha maior em sua estrutura física rimada, também tendo regras fixas, contrariando a liberdade abundada, abusada e exacerbada na poesia, principalmente após ’22. Vê-se que, assim pensando, podemos bem entender a colocação do trovista Oliver Neto que, com rara felicidade, expressou-se através da trova sobre a mesma, fato que se conformou e se eternizou no exemplo a seguir:
“Meiga forma abandonada
que merece amor e estudo.
No espaço de quase nada,
a trova diz quase tudo.” (cf. Poiésis, n. 100, jul. 2004)
Ocupar pouco espaço é, pois, alvo da expressão artística do trovista (através da trova, óbvio!), talvez a colocando rumo à arte minimalista, vindo logo após o monóstico, o dístico e o trístico ou terceto, este derradeiro muito bem representado pelo haicai nipônico e pelo poetrix, genuíno e novíssima linguagem poética minimalista, criada pelo poeta e escritor baiano Goulart Gomes, onde o autor deste paper possui larga produção daquele poemeto, com grande parte dela já publicada em livros e/ou divulgada na internet através do MIP – Movimento Internacional Poetrix.
O texto em trovas dispensa a ocorrência de trovas geminadas ou complementares a nível semântico, como poderá ocorrer nos 2 primeiros quartetos de um sonetilho (ou soneto em redondilha maior), os quais, se estruturados com rimas trovadorescas, serão trovas obrigatoriamente geminadas por imposição do próprio soneto, o que pode ser facilmente observado em sonetos com 2 quartetos seguidos de 2 tercetos (AZEVEDO, p. 191). Entretanto, não há proibição alguma de que a geminidade possa ocorrer casualmente ou não, devendo apenas existir a independência semântica encerrada no pensamento completado em cada trova em possível par geminado.
Afirma Catulo da Paixão Cearense (1863 – 1946): “A trova é a mais popular das formas poéticas!” (disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/ 94158>, acesso em: 17 jan. 2006). Além disso, para a UBT – e para este humilde trovista – a trova é a única forma poética de regras muito firmes em sua rígida confecção, tendo os demais tipos de poemas ganho a forma polimétrica e branca, onde a métrica é negligenciada e a rima não mais tem sido exigida. O modernismo consolidado em ’22 deu isso à poesia.
Registros da existência
Na história da trova registra-se que esta composição poética tem mais de 1000 anos de idade, que posta em documentos há mais de 700 anos comprovadamente e que existe um movimento literário genuinamente brasileiro que a envolve desde 1950: o trovismo (“pessoas que se dedicam a seu cultivo como meio de expressão literária em todo o Brasil”, cf. WANKE, Eno Teodoro. Como fazer trovas e versos. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1985. p. 9).
A origem
Sabe-se que a palavra trova é originária do idioma francês, de trouber (achar). Assim, entende-se que os trovadores, troveiros ou trovistas (em FARIA, p. 5, somente se deve chamar de trovador aquele que tenha publicado alguma obra em trovas; ou tenha publicado trovas em livro de versos; ou que tenha publicado trovas na imprensa e justo devido a elas se tenha consagrado como trovador) acham nessa forma poética o motivo ou o mote donde deriva a poesia e/ou a canção.
Descendente da quadra popular portuguesa, a trova ganhou adeptos no Brasil e alcançou singular progresso, estimando-se a existência atual de cerca de 3.000 trovadores no país.
O trovador
Identifica-se o bom trovista como poeta direto e de versos certos, belos e de agradável sonoridade, que, às vezes, podem ser lindamente acompanhados por instrumentos musicais ao recitar ou cantar as trovas que encerram.
O saudoso Eno Teodoro Wanke (1929 – 2001) chegou a usá-la no ritual de celebração de missa em igreja católica, estando aí mais uma recente possibilidade de natureza motivadora a favor da criação e do emprego social da trova (desde os anos ’80 que ocorrem missas em trovas nos muitos eventos nacionais sobre a trova, havendo vasto registro internético sobre este fato).
Ressurgimento e fortalecimento no Brasil
Adelmar Tavares da Silva Cavalcanti (1888 – 1963), recifense, é considerado o maior trovador do país e o príncipe dos trovadores. “Além de poeta, jurista, professor, Adelmar Tavares é um dos marcos que assinalam o prestígio e a revitalização da Trova no Brasil. Pelo seu valor como poeta e pela sua posição social e literária, ajudou o reerguimento da Trova e sua aceitação como gênero poético dos mais apreciados e mais difíceis. (...) apesar das modificações do mundo e de sua própria vida, guardou carinhosamente o seu grande amor à Poesia, conservou permanentemente a sua fidelidade à Trova.” Dizem Luiz Otávio e J.G. de Araújo Jorge em seu site (disponível em: <http://www.falandodetrova.com/biblioteca/col_trov_bras/adelmar_tavares.html>, acesso em: 18 jun. 2006).
Registrou o famosíssimo escritor baiano Jorge Amado (disponível em: <http://www.clerioborges.com.br/origem.html>, acesso em: 17 jan. 2006; WANKE, Eno Teodoro. Como fazer trovas e versos. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1985. p. 10) em nossa rica história literária: "Não pode haver criação literária mais popular e que mais fale diretamente ao coração do povo do que a trova. É através dela que o povo toma contato com a poesia e por isto mesmo a trova e o trovador são imortais" (disponível em: <http://www.clerioborges.com.br/origem.html>, acesso em: 17 jan. 2006). Percebe-se aí, pois, que Jorge desenvolvera grande afeição à trova!
Entidades nacionais
Compete à UBT – União Brasileira de Trovadores zelar pela manutenção e o devido e meritório engrandecimento da trova no Brasil. Para tanto conta com delegacias e/ou seções em aproximadamente 200 cidades do Brasil, tendo a entidade organograma com presidência nacional, regional e estadual; cobre 16 estados do Brasil; realiza 30 a 40 concursos de trovas (nos quais jamais se incluem prêmios em dinheiro) por ano, muito mais conhecidos como jogos florais; e, mantêm forte intercâmbio literário com os trovadores de Portugal. A União Brasileira de Trovadores é seguramente a maior escola de poesia certa em atividade permanente em língua portuguesa.
A trova é, hoje, o único gênero literário exclusivo da língua portuguesa! Originária da quadra popular portuguesa, conforme dito antes, encontrou campo fértil no Brasil, mas, só depois de 1950 começou a ser estudada e difundida literariamente.
“Nesta época, um poeta do Rio de Janeiro, chamado Gilson de Castro e que, mais tarde, adotou o pseudônimo literário de Luiz Otávio, juntamente com J. G. de Araújo Jorge, começou a estudar e propagar a quadra popular brasileira, junto a um seleto grupo de poetas.
Em 1960, depois de participar de um Congresso do GBT - Grêmio Brasileiro de Trovadores, em Salvador, Luiz Otávio implantou uma série de seções desta entidade no sul do Brasil.
Pelas inúmeras diferenças em forma de poesia, acabou havendo uma separação e, em 1966 foi fundada a UBT – União Brasileira de Trovadores; trabalhando durante todo o ano de 1966, chegou-se a 8 de janeiro de 1967, quando, já previamente estabelecidas, foram fundadas, oficialmente as Delegacias e Seções da UBT, iniciando-se pela do Rio de Janeiro.
O símbolo e o padroeiro da UBT
O símbolo adotado para a UBT foi uma rosa e, o padroeiro, São Francisco de Assis.
O dia do trovador
Em reconhecimento pelo seu trabalho em favor da cultura, a Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, através de decreto-lei, oficializou 18 de julho, dia do nascimento de Luiz Otávio, como o dia do trovador.
Por sua vez, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos efetivou a data com a emissão de um carimbo comemorativo oficial.” (disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/94158>, acesso em: 17 jan. 2006.)
Jogos florais
Hoje a UBT realiza e/ou coordena concursos de trovas anuais em dezenas de cidades, entre elas: Belém, Fortaleza, Natal, Salvador, Campos, Nova Friburgo, Niterói, Barra do Piraí, Petrópolis, Cachoeiras do Macacu, Nova Iguaçu, Valença, Rio de Janeiro, Santos, Pindamonhangaba, Caçapava, Jambeiro, Itanhaém, Peruíbe, São Bernardo do Campo, Ribeirão Preto, Campinas, Amparo, Taubaté, São Paulo, Jacarezinho, Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Bandeirantes, Curitiba, Caxias do Sul, Garibaldi, Porto Alegre, Juiz de Fora, Rio Novo, Pouso Alegre, Belo Horizonte e muitas outras.
Os gêneros
São 3 os gêneros básicos em que a trova se nos apresenta, a seguir descritos e ilustrados com exemplos do autor:
1º - trovas líricas, que expressam sentimentos, amor, saudade, etc., o que se verifica em:
Trate a trova com amor
recitando-a em casa agora
pra depois na rua pôr
o bom declamar de outrora.
2º - trovas filosóficas, em que ensinamentos, máximas, pensamentos, etc., são depreendidos como em:
Liberdade que não tenho,
mocidade que não tive:
novidades que detenho
na velhice que retive.
3º - trovas humorísticas, as quais se propõem a nos fazer rir, exemplificando-se em:
Sou da Rua do Silêncio
porque nela moro ou vou.
Tenho nome de Inocêncio
e, por isso, surdo estou.
Proibição da pornografia, a escatologia e a escabrosidade
Não se deve admitir a pornografia na trova, mas não se pode negar a presença da escatologia nela, o que se comprova facilmente pela observância do teor das trovas deixadas nos sanitários do Brasil, daí derivando a conhecida trova latrinária, tão bem documentada e estudada por Eno Teodoro Wanke, engenheiro da Petrobras que nos deixou uma imensa produção literária totalizando mais de 500 publicações. De forma incansável, Wanke registrou e publicou a ocorrência da trova latrinária e da trova escabrosa no país, contando com a colaboração, via carta, de muitos poetas e escritores deste enorme continente brasileiro.
Wanke aprovou e deu, portanto, caráter de significância aos grafitos latrinários.
Há, contudo, gente “moralista” que se coloque contrário à trova latrinária e à trova escabrosa, esta última podendo ser enquadrada dentro da categoria humorística, onde Wanke incursionou exemplarmente e nos deixou um inventário antológico nacional riquíssimo. É mesmo sabido que Wanke pode ser estudado como um folclorista da literatura, onde os trabalhos ainda hoje brilham especialmente nas searas do soneto e da trova.
Como fato curiosamente notório e relevante para um escritor, tome-se o poema “Apelo”, um lindíssimo soneto inspirado em seu próprio livro A mancha negra da guerra, que entrou para a história literária como o campeão de traduções para outros idiomas e dialetos. A primeira delas foi feita pelo poeta norte-americano C. Victor Stahl em 1964, então tendo sido publicado na revista Ajax, de St. Louis, EUA. Este maravilhoso soneto fora traduzido para 101 línguas e dialetos diferentes, totalizando cerca de 200 traduções, com destaque para a língua espanhola, que ganhou 18 delas.
A trova e o Brasil
Conheceu-se um pouco mais sobre o país através da trova e o Brasil muito deve de tal fato esforços empreendidos por Eno Teodoro Wanke, reconhecem muitos dos grandes literatos, fato que se comprova pela leitura de suas publicações sobre a trova, como as referenciadas neste trabalho (cf. na bibliografia deste trabalho).
Ser bela e respeitar os princípios limpos da moralidade ao permear o tecido social é dever da trova, a qual não deve sofrer restrição alguma em função de palavras ou sentidos que firam as leis morais (falsas).
Manifestações populares da trova nas denominações registradas nas obras literárias de Eno Teodoro Wanke, tais como escabrosa, escatológica ou latrinária, ainda pouquíssimo registradas em livros lusófonos e em língua espanhola, também aprazem a OFM, que se atreve a expor alguns exemplares dessas conformações em Realidades versejadas em trovas (obra ainda não publicada do autor).
Rigidez, purismo e competência do trovista
É fato que alguns poetas são bem rígidos ao entenderem e restringirem as fronteiras da ampla Poética, nela não aceitando sequer o emprego da rima fenotípica na trova (sendo válidas apenas as rimas homófonas e homógrafas) e outras estruturas em versos, não classificando o soneto em clássico e moderno e sim em clássico tão-somente, etc. Dividem dessa maneira os trabalhos versejados em formas definidas, que ganham nomes clássicos (soneto clássico, trova literária, haicai nipônico, etc.) e poemas ditos simplesmente poemas (soneto livre, trova e haicai abrasileirados etc). Se algum verso foge à métrica ou se algum verso tem o pé quebrado, o soneto não é clássico e, por isso mesmo, é “reduzido” imediatamente a um simples poema moderno; se a trova não é perfeita, chamam-na de quadra livre; se o haicai está abrasileirado, logo ganha o nome de terceto ou trístico etc.
Tais vates são rigorosos ao extremo e, sendo assim, são ditos puristas e, por conseguinte, são intolerantes para com as formas modernosas, o que se deve tolerar e respeitar e com eles conviver e, quiçá, até se deve aprender a perseguir a perfeição na forma poética!
Nas regras de escansão, somente poesias isométricas com até 7 pés métricos são permitidas mais de uma família de tônicas nos versos. A redondilha maior, com sete sílabas poéticas, enquadra-se aí, exigindo-se apenas que a quinta e sétima sílabas tônicas conformem-na, o que já fora posto no início deste trabalho.
Deve ser entendido que escrever trova requer a atenção do poeta na semântica e na métrica e na rima. Requer, pois, respeito para com o público, especialmente para com aquele que conhece as exigências sobre a forma no que tange à trova atual.
“O trovador literário é aquele que sabe fazer a trova, imprimindo espontaneidade, graça, beleza e sabedoria, tal qual a cultivaram poetas brasileiros e portugueses (o autor incluiu ‘e portugueses’ posto que Fernando Pessoa tem origem portuguesa, corrigindo o texto exposto na internet) de renome, como Fernando Pessoa:
O poeta é um fingidor,
finge tão completamente,
que chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente.”
(disponível em: <http://www.clerioborges.com.br/origem.html>, acesso em: 17 jan. 2006)
Compor trova exige do troveiro treino e inspiração, além de conhecimentos de metrificação ou de versificação regular da quadra em redondilha maior. Por conseguinte, a trova é uma composição poética exigente, não permitindo que o poeta a faça degenerada numa simples quadra, não se perdendo a beleza inerente à dita e à regularidade da forma que a UBT zela e defende juntamente aos trovadores brasileiros.
Regras para a boa versificação
Para expandir o saber e melhor conhecer as regras da trova, recomenda-se que o leitor consulte obras específicas do gênero (SÂNZIO) e/ou navegue na internet, por exemplo, o sítio http: //movimentodasartes.com.br/trovador/pop/pop_01. htm.
Conclusão
O trovismo no Brasil é uma realidade e certamente o mais firme pilar de sustentação da poesia certa, feito que se explica pela indubitável beleza estética da trova, esta alinhada aos esforços da UBT em mantê-la viva através da estimulação da criação e do amor trovadoresco em seus associados quer pela promoção de jogos florais quer pela divulgação via internet e/ou antologias nas sessões espalhadas pelo país.
Há interação entre trovadores brasileiros e esta continua a crescer com celeridade graças às facilitações proporcionadas pela rede mundial de computadores, onde muitos troveiros discutem a trova e apresentam suas produções em sites vários dispostos na teia de comunicação.
Vê-se que o movimento de ’22 não impactou a trova, continuado a mesma com seus 7 pés métricos em redondilha maior e com sua majestosa, gostosa e bela rima do tipo ABAB, defendida até debaixo d’água pela UBT.
Tem os três gêneros possíveis, com fluindo regularmente nos tempos atuais e com lepidez e desenvoltura, para se adequar perfeitamente ao tempo atual, curto ou quase inexistente.
Referências consultadas
AZEVEDO, Rafael Sânzio de Azevedo. Para uma teoria do verso. Fortaleza: EUFC, 1997.
FARIA, Álvaro. Trovadores brasileiros. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1963.
WANKE, Eno Teodoro. Antologia da trova escabrosa. Rio de Janeiro: Codpoe, 1989. 112 p.
________________. Neste lugar solitário. Folclore – um levantamento da trova escabrosa nos grafitos latrinários e na literatura secreta em geral. Rio de Janeiro: Codpoe, 1988.
________________. Como fazer trovas e versos. Rio de Janeiro: Tecnoprint, 1985.
________________. O trovismo: história do primeiro movimento poético-literário genuinamente brasileiro. Rio de Janeiro: Cia. Brasileira de Artes Gráficas, 1978.
________________. A trova literária: história da quadra setessilábica autônoma, especialmente na literatura brasileira. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1976.
________________. A trova popular: folclore da quadra setessilábica, sua descoberta, história e penetração nos povos de línguas ibéricas. Rio de Janeiro: Pongetti, 1974.
________________. A trova: conceituação, origem, história e presença da quadra em redondilha maior. Rio de Janeiro: Pongetti, 1973. 248 p.
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Trovadores do além: antologia. 5ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2002.
PEIXOTO, Afrânio. Trovas brasileiras (populares: popularizadas). v. XI. Rio de Janeiro; São Paulo; Porto Alegre: W. A. Jackson, Inc. 1944.
Salvador, 13/07/20006.