UM TRAGO DE POESIA
Uma amiga de Tarcísio Meira César, por carta, disse: "Tarcísio, assim você é!"
O referimento está no discurso "o homem que gostava de conhaque", do vereador e escritor José Mota Victor, proferido em sessão solene, na câmara municipal de Patos, Paraíba; e, posteriormente, publicado feita plaqueta, para homenagear a memória do jornalista, falecido em 1988, na capital Federal.
"O homem que gostava de conhaque" é abarrotado de uma vida inteira; e, só por isso, já seria admirável. A carpintaria das palavras reflete um estilo de texto com a fisionomia (e espírito) do escritor: um testemunho de verdade, portanto.
A ideia é não deixar que fique sepultada a biografia de um poeta, muito mais que ressuscitar um homem que descansa, eterno. E, como já dissera Mário Quintana: "O poeta é belo por que os seus farrapos são do tecido da eternidade."
(Qual terra estranha fora a de Tarcísio, visto que ele amou todas as estradas?)
Ao visitar o túmulo de Tarcísio, numa “tarde em queda” de abril, contemplativo, Zé Mota talvez tenha murmurado, entre lábios, o “Soneto a si mesmo”, que imortalizou o bardo das Espinharas: Não terás medo, quando a mágoa vier/ Molhada das mais rudes frialdades/ Turvar a flor que o corpo te colher//
Li “O espelho em que terminas”, de autoria e inspiração de Tarcísio; e, senti que provinha luz daquelas páginas esmaecidas. Considerei, na despretensiosa análise, que havia uma angustia atrás da outra. E, as boas ideias, são paridas na dor. O livro fora oferecido a Edgar Allan Poe “pelas influências”, como bem disse, e ao filho José (simples assim), que o mundo criou. Afinal, “cada um de nós – queiramos ou não - é produto de seu tempo. ” Desta feita, libertamos também Tarcísio para que ele possa caminhar, enfim, com a sua imaginária “Dúnia”... – “Sobre a brisa perdida nos confins dos girassóis”.
Está grafado em “O homem que gostava de conhaque”; e, eu, ratifico, por minha conta e risco: Aquilo não fora, realmente, uma sessão solene, mas “um sarau de saudades”.