Deleituras

O observador medianamente atento há de ter percebido que uma (Ir)razoável fração de meus textos aborda questões estatísticas, como por exemplo números de leituras que, via de regra, suscitam comparações quase inevitáveis. Pode a alguns parecer obsessão, ou alguma frustração em não ter encarnado em vida a figura de Beremis Samir - o Homem que calculava, obra magistral de Malba Tahan.

Mas, no meu modesto entender, não o é. Acho que os números, as predileções, são fundamentais em nosso cotidiano mas melhor que sejam utilizados para funcionalidades, sistematização na forme de ser ver as coisas e, porque não, entretenimento.

E não produzo os números que percebo e publico. Eles saem de placares que já existem no próprio site e emulam um certo pendor americanista pelas estatísticas. Vá ver uma súmula de uma partida de basquete ou de uma rodada de golfe - não ao golpe! - e ficará estarrecido. É média disso, daquilo, daquiloutro e até daqui, louco...

Numa alusão breve aos textos que publico regularmente - que acho melhor definir como textículos em razão de sua extensão correspondente, sinto-me satisfeito quando surge uma interação que, embora no mais das vezes é apreciativa, vez por outra chega à desaprovação e, se facilitar, até a execração pública. É o direito de manifestação do leitor sendo colocado na prática. Por essa razão, mesmo quando se tratem de observações iradas, condenatórias, não as apago. Tão-somente contesto-as, ou as ignoro.

Meu índice médio de leituras é, a meu ver, relativamente baixo e ainda bem menor, por supuesto, é o número de interações que meus textos conseguem suscitar. Após alguns anos de Recanto, que não consigo aqui determinar precisamente, cabe-me assinalar que apenas 10 de meus dez mil e tantos textos chegaram ou ultrapassaram a marca de cem leituras. O mais lido de todos, ontem situava-se na casa de 176 leituras. Essa cifra está bem abaixo do maior número de leituras semanais registrado no placar do site. Semanais.

Minha média de leituras está abaixo de 18 por texto. As razões dessa baixeza podem se abrigar na baixeza dos títulos da maior parte de minhas inserções que uma vez a querida e agora há tempos sumida poeta pantaneira Hull de La Fuente, definiu como excesso de carnalidade. Inobstante, constata-se facilmente que os textos assumidamente eróticos ou mesmo românticos de terceiros são objeto de intensa procura e de interatividade.

Outra razão do baixo índice de leituras pode-se atribuir à frequência quase voraz com que publico: quinze textos cotidianamente. E o leitor que muitas vezes até aplaude calorosamente um determinado texto ou um estilo, vai ao enfaro quando...disparo. Se não me falha a memória essa observação foi-me feita pela talentosa e arguta alencarina Iolanda Pinheiro - que, muito bem sucedida com suas publicações, anda ultimamente sumida dos recantais telões.

Como se fora temer-oso do escrutínio dos leitores, encerro minha participação - até Deus sabe quando. E quanto.

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 18/08/2016
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