PAPERBOY, NÃO EXISTEM HOMENS ÍNTEGROS
Terminei de ler o best-seller "Paperboy", ("Jornaleiro"), de Pete Dexter, festejado pela crítica do "The New York Times".
O romance, estranho e belo, foi levado ao cinema pelo diretor Lee Daniels, com Matthew McConaughey, John Cusack e Nicole Kidman.
Ganhou Palma de Ouro em Cannes.
Não assisti.
O livro conta a história de dois jornalistas e é narrado pelo irmão de um deles, um jovem entregador de jornal que não sabe muito bem o que quer da vida.
Um dos jornalistas é ladino, esperto e cheio de "cortar caminhos" em busca da verdade. É imoral e anti ético.
O outro, irmão do jornaleiro narrador da história, é ingênuo, ético e prisioneiro das regras do velho jornalismo.
Os dois, com auxilio do jornaleiro, trabalham numa reportagem investigativa.
Trata-se da história de um xerife de uma cidade caipira do sul dos Estados Unidos, matador de dezessete negros que é assassinado.
A culpa recai sobre um parente da única vítima branca do xerife.
O suposto assassino está no corredor da morte e há urgência em busca da verdade.
Verdade, porém, pode ser coisa complicada.
No romance ficamos diante de duas figuras distintas, o repórter malandro e o repórter honesto e os atos e investigações que praticam.
É a mentira querendo engolir a verdade e vice versa.
Ou os fatos querendo moldar a verdade; e a verdade se escusando a ser moldada.
A reportagem investigativa depois de publicada rende aos dois repórteres o prêmio "Pulitzer.
E a inveja de outros jornalistas.
O suposto criminoso sai da cadeia e se casa com a moça (Kidman) que procurou os jornalistas para ajudar a libertá-lo.
Os jornalistas "invejosos" provam que a reportagem não se sustenta nos fatos.
Mas nada é feito, porque, como explica o editor, "sempre haverá pessoas invejosas".
A história termina em terrível tragédia, que os leitores do jornal nem ficam sabendo.
É uma história de como o jornalismo é trabalhado nos bastidores e de que como somos todos ingênuos em acreditar em tudo que lemos, ouvimos e vemos.
Vale ser lido e refletido.
....................................................
Obrigado pela leitura.
Sajob, junho / 2016