DEGLUTINDO O POEMA ALHEIO

Fico impressionado (e agradado) como alguns poetas-autores prestam atenção aos textos que publico, especialmente nas redes sociais. Sempre estão em cima do lance e fazendo a interlocução, buscando a apreensão e entendimento da proposta verbal. Muitas vezes do texto original exsurge o intertexto, a abordagem textual criativa sobre a temática posta a público. Então, como não arejar o entendimento do mundo e crescer com esta destemida e participativa prática? Tenho acompanhado vários autores e seus textos, todos em visível e louvável crescimento estético. Assim como sem as figuras de linguagem, mormente as metáforas, não se pode identificar a Poesia (os versos com poesia), também sem o seu estudo – em profundidade – não há como obter conhecimentos e dar condições a que a poética universalista vá ao encontro de seu cultor. A obtenção da apreciável estética da linguagem é tarefa que leva anos, e se compõe no dia a dia do fazer poético, palavra a palavra, entendimento e motivação surgida a cada verbete. Sempre vivo a recomendar: escreve sempre e mais e mais! Deglute os vocábulos demoradamente, mastiga-os! Horácio, príncipe dos poetas latinos, que morreu oito anos antes do nascimento de Jesus, o Cristo, preconizava 09 (nove) anos de imersão na Poesia, até a hora de desovar o poema no mundo dos fatos, jogado à sorte dos juízos estéticos. O poema é também um andarilho de múltiplas estradas... E, para chegar a um bom patamar, é necessário consumir muitos e muitos poemas de outros poetas-autores. Pois pra quem não se contenta com pouco e tem fome de mundo, sempre é conveniente praticar a antropofagia da palavra todos os dias, se possível. Abebera-te do talento alheio! Em verdade, o talento pessoal nunca se basta. E repito o que disse em texto anterior: talvez seja por isso que o estro do semelhante me afoga no mar das fruições...

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/16.

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