SEGUNDO O PRAZER E GOZO

A Poética é tão volátil como ideia e registro intuitivo que, em verdade, nunca se sabe qual o caminho percorrido até a materialização da obra, espécime de arte literária. Poesia ou Prosa Poética são frutos do amar desmesurado à criatura humana, emoções hauridas no torvelinho da ocorrência factual, o aporte transfigurado dos entornos líricos do poeta/autor sobre estes fatos, na maioria das vezes. A palavra “Poiesis” há milênios nasceu feminina e, por sua natureza espiritual, açambarca e alteia qualquer discussão de gênero, por sua inocência de nada mais do que estar pessoalíssima – o ventre da criatura – portanto necessitada como humano ser e destinada a transmitir amor e beleza. E para tanto exige recepção e ninho. E o amar por acaso tem sexualidade definida? Este estado de pureza não discute diferenças de côncavo e convexo... Talvez seja por isso que se diz ao correr das horas que anjo não tem sexo. Como se poderia proscrever algo que não tem, em senso estrito, formato definido? A homofobia não compactua com o cadinho do ser em estado de entrega. Esses cacoetes e pruridos moralistas excludentes não compactuam com a essência do “homo sapiens”. Viver não tem parâmetros definidos segundo as exigências da aparente sexualidade de gênero. Tudo é válido. De cada um segundo os seus desígnios, a cada um segundo o seu prazer e gozo. Estar no mundo é equilibrar-se no fio da navalha...

– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2015/16, introdução.

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