DIVIDIR O PÃO

"As lágrimas do mundo são inalteráveis. Para cada um que começa a chorar, em algum lugar outro para. O mesmo vale para o riso". Samuel Beckett.

O exercício da Poética tem sua peculiar face para aquele que transcende o egocentrismo, descobrindo a fraternidade: estamos juntos pra rir e chorar. E aturar ou concelebrar a passagem ágil do sol e lua. Todo o restante é dispensável, por vezes, a não ser a necessidade de suprir a fome. Desta sorte o poema nasce prenhe de humanidades. A gravidez da entrega ao semelhante. O que é apenas sugestão verbal passa a ser uma verdade inconteste e sadia. O poeta é um oráculo de suas verdades lúdicas. Compartilhemos a comunhão da palavra – o crístico pão da vida, sem o qual se vive apenas para o estômago...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015/16.

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