FRATERNIDADE E CONVIVÊNCIA

A rigor, alguns escritos recolhidos (em áudio) agora em vídeo, sequer conseguiram passar pelo meu crivo analítico-estético, à hora da revisão final. Alguns poucos foram publicados em jornais e em programas de rádio. Enfim, jamais houve intenção de permanência deles como definitivos para publicação impressa. São poemas circunstanciais: talvez um olhar pra dentro de mim. Fizeram-se ao etéreo tal como uma emissora comunitária, o arauto em doido exercício de CONFRATERNIDADE: palavra inflamada para saudar o dia a dia e louvar a vida. Sou imensamente grato a vários amigos que me acompanham nestas quase quatro décadas de exercício do associativismo poético, especialmente a Cláudio Roberto Gass, que resgatou alguns poemas ao sair da boca, em 1995, e agora os traz ao efetivo nascedouro público, pelo You Tube, perenizando-os na net. Cláudio sempre me surpreendia com o convite para gravar novidades. Aparece, nos textos, aquilo que o Moncks poeta pensava (e fazia a tessitura utilizando a farsa e a fantasia típicas da criação poética) naquele justo momento de inspiração. Sempre acreditando estar sendo útil para o memorialismo de um país que pouco lê e assim consome os seus intimismos como se fossem peças esteticamente válidas ou com alguma perspectiva de permanência. O repórter em cima do lance, vivaz e oportuno do mundo da arte e de seu entorno de convivência, documentou vários momentos de alegrias e perplexidades. Deste modo o agente de circunstâncias se tornou tutor de minha oração de socorro momentânea, perplexa de recentes descobertas do mundo poético que se abria. Ainda hoje tenho para mim que o poema (com Poesia) é a oração que ajuda a vencer a hostilidade e o mau humor dos dias tristes, em que a inquietação se transforma em agonia. O que fazer senão pôr-se de joelhos perante a memória vivificada e tentar diminuir as penas pela ousadia perante a posteridade?

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015/16.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5535149