O ESTADO DE FELICIDADE
Fico feliz quando me apercebo que o leitor frui e goza a criação poética de minha lavra. Porque acredito piamente que a literatura poética tem como maior funcionalidade sensitiva a fruição e o gozo estético, já que ela não se aplica diretamente à realidade, ao mundo dos fatos. Ao demais, este processo do criar em cima da farsa e da fantasia característico da criação, permite – especialmente ao vencer as hostilidades e as animosidades do dia a dia – que a proposta poética recrie a ótica do poeta/autor sobre o mundo que não lhe agrada e/ou não está ao alcance de sua mão, primordialmente no lírico-amoroso – o amar personificado que não se tem ao alcance da mão... Veja-se, por exemplo, os pungentes versos de uma Florbela Espanca. E, ao passar esta visão de beleza e de veracidade fantasiosa, permitir que o leitor possa ter uma apreciação que lhe remeta a um estado de felicidade individuado, pessoalizado, adquirindo certa paz momentânea para com o mundo existente em seu aflito coração...
– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015/16.
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