A VONTADE POLÍTICA

O que tem se visto na América Latina, ao menos nos últimos 50 anos, é que cada governo, dependendo do momento político em que a nação vive, argumenta específicas razões para ativar ou minimizar o exercício da leitura. A isto equivale dizer: acrescer (ou não) de novidades os escaninhos da memória, ainda olho do furacão das mudanças em andamento. Há pouco, na Argentina, o governo recentemente eleito levantou restrições e óbices para a entrada de livros estrangeiros nesse país de autores importantes como José Ingenieros e Jorge Luis Borges e de recatada tradição cultural. Mesmo sem examinar mais profundamente ideologias ou tendências partidárias, para os escritores – anárquicos por natureza – esta medida, fruto da vontade política ora dominante, é sinal de bons ventos que somente a democracia exercitada permite. Que somente estes podem produzir um futuro mais fértil de opções. Além, é claro, tenha-se em conta de que o planeta está cada vez mais globalizado e é necessário estar-se em dia com o pensamento vigente no mundo... Só assim poderemos estar, efetivamente, a favor ou contra...

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/16.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5515706