FLORAÇÃO DO ESTAR VIVO

Para o escritor, o exercitar da pervivência é a perspectiva de viver além de sua contemporaneidade no mundo dos fatos. Desta sorte e ótica, o Cristo pervive na humanidade a todo o tempo, especialmente neste período de final de ano, em que ainda é apresentando como o Jesus Menino, apesar de seus mais de dois mil anos. Mesmo que não a aceitemos como verdade – porque magia antropológica – o sonho da IMORTALIDADE resulta da ânsia de acreditar na PERVIVÊNCIA. Esta é palavra importante para um tema de mesma significação – e parece-me – ainda não dicionarizada em nosso idioma. No entanto, eu a utilizo na criação artística há mais de trinta anos. Criar neologismos é importante desafio para o escriba: enriquecer o universo da linguagem. É esta floração de palavra e tempo que nos faz mais capazes e hábeis para a gestação dos relatos da passagem dos dias. Enfim, este saber adquirido – sabedoria, para alguns – pode surgir deste escoar paulatino das precariedades quotidianas na vertente do criar. Afinal, é a experimentação que nos confortará nas inquietudes do território ainda não conhecido...

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/16.

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