OS CAMINHOS DA ARTE NO PRESENTE
«Debate, Frassino Machado – Leonardo»
Santana-Maia Leonardo
- “A Poesia reflecte hoje um mundo em desordem e sem valores que não tem ponta por onde se lhe pegue... Não sei, no entanto, se não estamos perto do fim do nosso mundo e à entrada de um novo mundo que não tem nada a ver connosco.”
Frassino
- Eu não diria tanto “A Poesia” mas, sim, antes «A Arte»!
Todavia, apesar do nosso acordo relativamente à situação com que nos confrontamos, isto é, ao domínio avassalador dos “plantadores de eucaliptos” conduzindo à desertificação inevitável das mentalidades – no que toca aos valores intemporais e à sua implementação – quanto a mim não subscrevo a sua suspeição acerca do seu conceito finissecular da Poesia.
Não, eu acredito que em toda a Arte há um carisma de substância quanto ao seu poder permanente. Ela própria gera, em si mesma, o antídoto oportuno para a sua regeneração identitária. O mesmo fenómeno se passa com a Poesia. Já Jorge de Sena assim o manifesta nos seus ensaios de reflexão, fazendo o paralelismo entre a Poesia e a Música.
Daqui, o meu desacordo quanto ao que refere na sua dúvida sobre o “fim do nosso mundo”. A Arte não é determinista nem, muito menos, estática. Ela é, na sua própria concepção, intrinsecamente dinâmica.
Quanto a mim penso que não existe nenhum fatalismo acerca do estatuto da ARTE: não há nem “nosso mundo” nem um “outro mundo qualquer” que possa vir a existir. Há um, e apenas um só, MUNDO. E é nele que estamos com a sua dinâmica cíclica do deve e haver. Compete a nós – artistas em geral – fazer o equilíbrio entre essas variações.
Refiro-me aqui não só aos valores endógenos, como tal, mas à forma como eles se devem manifestar, tendo em conta as sensibilidades e as convicções. Resulta daqui que a própria ARTE se manifestará sempre em todas as suas vertentes.
O Tempo e a História farão o resto, isto é, chegaremos sempre às origens que é como quem diz ao tempo dos “plantadores de sobreiros”…
Assis Machado
In OS CAMINHOS DA ARTE
www.frassinomachado.net