A SAÍDA DE EMERGÊNCIA
O sofrimento humano, em todas as suas formas, é catapulta para o poema. Muitas vezes este conviva inusitado vem embebido em lágrimas. A poética nasce para vencer a hostilidade do dia-a-dia. Quando tudo está difícil, surge a fada-madrinha com o seu condão de beleza e veracidades, a partir – curiosamente – da farsa e da fantasia. E estas procriam suas momentâneas verdades para que o poeta/autor possa vislumbrar um naco de felicidade ao alcance da mão. Por ser manifestação expressa do caudal lírico-amoroso, o poema verte do lodaçal das emoções afetivas, É uma estrelinha fugidia, envergonhada, possível de ser focada de um cantinho da janela. Em reiterados casos, num alheamento de penas e lástimas, Dona Angústia instiga os neurônios ao passeio libertário. Então – fruto da intuição – ocorre o desafio de ser-se no Outro... Que nada mais é do que o também sofrido semelhante, redescoberto pela criação verbal daquele que se percebe condenado ao degredo. Especialmente quando não parece encontrar a abertura de saída. Ou, caso a vislumbre, está irremediavelmente lacrada. O poema, neste momento, materializa a chave que irá abrir a porta.
– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015.
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