O VERBO FORNICA A POESIA
O poema é, apenas, a materialidade da Poesia – registro verbal – conquanto versos e formato. Enquanto a espécie é viril, porque capital formador dos signos verbais, o gênero poético vivifica-se maternal e gerador da virilidade para propor a recriação da matéria da vida. Quando a poesia chora, o poema é lágrima. Mulher e homem para além de palavra e gênero. Por conseguinte, a espécie humana, em Poesia, é hermafrodita, bem mais do que meramente homem/mulher. Acresça-se que os anjos são assexuados. E os demoníacos fornicam a todo o tempo. É essa ambivalência que nos torna mais precários e formosamente humanos. E a Palavra se reproduz no poema em geração espontânea. Uma individuada macrocélula antropofágica...
– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015.
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