O EXERCÍCIO DO TALENTO

Especialmente em Poética, não creio que se possa considerar um leitor "pobre literariamente" somente porque ele não conseguiu adentrar ao texto na profundidade que o autor possivelmente imaginara ou pretendera, porque cada cabeça é uma sentença, segundo o dito popular. E esta dará o que pode segundo a sua concepção, ou seja, segundo o conjunto de valores que possui, a que chamamos AXIOLOGIA. Cada pessoa vê o mundo segundo o concebe... O que me parece é que temos leitores diferenciados que atingem entendimentos diversificados sobre um mesmo texto em pauta. Como autor, o que me encanta é a diversidade dos patamares de entendimentos, aqueles com que os leitores ornam suas interlocuções ou apreciação sobre tal ou qual assunto ou temática. Há críticos cultos que em suas abordagens parecem ir mais longe do que aparentemente o autor quis dizer com a sua fixação verbal. Aí então o terceiro observador se apercebe de que aquilo que realmente vale é o talento do poeta-autor, cujo pensar trazido a público permite várias vertentes de interpretação, segundo a ótica e o preparo do poeta-leitor, mesmo que este não escreva uma linha autoral em Poesia.

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

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