EXISTE A CRÍTICA NEGATIVA?

A análise crítica textual com o fito de depreciar autor e/ou obra nunca se apresenta como de boa natureza e intento. A maldade existe em qualquer lugar e em qualquer momento, sempre sem um motivo lícito. No entanto, muitas vezes, o "negativo" de uma abordagem crítica está somente na cabeça do criticado, que não está preparado para recebê-la. É a esta conduta que chamo a atenção dos neófitos e pretensos "poetas" ou "escritores". Sempre atuo, na crítica, com elevado conceito de confraternidade e invariavelmente em apoio aos que desejam crescer no universo da comunicação artístico-estética. O que o investigador tem por objetivo é a sempre conveniente interlocução com o autor, que passa a ter no momento analítico a sua obra sob o crivo de tema, conteúdo e formato. Sempre há como detectar e construir critérios que permitem que se possa aferir quando se reúnem condições objetivas para que se torne conveniente e oportuno o aporte analítico. Não é cautela de somenos verificar quando o autor solicita (ou não) a análise, e em que medida ou profundidade ele deseja a abordagem do agente disposto ao exercício analítico. E esta é uma das vertentes pela qual se vivifica o processo entre os irmãos do verso e da prosa, especialmente entre os autores que desejam crescer esteticamente e pretendem alguma permanência na memória do seu idioma. Pela análise crítica o poeta-autor também pode aferir a contemporaneidade ou não de sua fonte intuitiva: aquela nascida da INSPIRAÇÃO. Pelos seus desdobramentos pode ocorrer que uma peça poética que nasceu precária no instante intuitivo, venha a se tornar – após o cinzelamento de autor e analista – numa apreciável peça após a entronização ao segundo momento de criação – a TRANSPIRAÇÃO. E é neste preciso instante do processo inventivo que a instigação do analista pode vir a ser importante, esclarecedora, sugerindo formato definitivo para o poema e melhoria na estética de apresentação do tema que o poema contém. Para tudo existe dose e medida. Sê bem-vindo ao universo dos que fazem da palavra um tesouro. O encontro com a Poética é sempre surpreendente...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

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