Obstinação e inspiração movem a produção literária paranaense
*Joel Cardoso
Para produzir este esse artigo, ouvi alguns escritores maringaenses. Descobri que a grande maioria iniciou suas anotações em forma de rascunhos, sem pretensões em ganhar pódio no competitivo cenário da literatura brasileira. Alguns dos depoentes não conseguiram esconder uma ponta de frustação ao notar que o seu público leitor era muito restrito, resumido entre alguns membros da família, poucos amigos raros reconhecimentos informais de seus próprios colegas em suas obras.
Também colhi depoimentos de sonhos pessoais, barrados pela burocracia e falta de familiaridade com as tramitações necessárias para o reconhecimento e popularidade entre os leitores. Um deles admitiu ter passado “muito sufoco e frustração” na ilusão em ser contratado por uma editora de renome e obter o reconhecimento e riqueza de um Paulo Coelho ou JK Rowling, a criadora de Harry Potter. Neste perfil, foram vários os depoimentos de talentosos produtores que estão acuados em uma inaceitável insignificância literária.
Integrantes ou não de agremiações literárias, notei entre a esmagadora maioria que colocou no papel suas inspirações estava vivendo um misto de alegria e satisfação pela iniciativa em materializar suas ideias, vivências e sensações. Alguns ainda escondidos no fundo da gaveta, outros com reconhecimento familiar e ainda aqueles que usaram a escrita como canal de suas emoções pessoais. Impublicáveis. Exclusivamente pessoais.
Para alentar esse público, pesquisei o tema que cheguei a conclusão que os escritores não precisam ficar anos vivendo apenas de expectativa. Há outros meios para se publicar um livro. Existem dois tipos de editoras, as comerciais, como são chamadas as grandes, mais conhecidas, como a Companhia das Letras, a Papirus, a Rocco etc. E a edição do autor, o qual depois de terminar sua obra paga para a produção sair no mercado.
Este é um processo rápido e fácil, mas que exige um investimento por parte do próprio autor que varia de acordo com o projeto gráfico, qualidade e quantidade de páginas e o número de exemplares. No caso dos autores locais ouvidos, o auto - patrocínio vem sendo a forma mais utilizada. Com experiência própria de três publicações, posso reafirmar que publicar um livro é um processo demorado que envolve uma série de etapas. Complicado para escritores que estão longe do mercado editorial mais efervescente
Por isso cada vez mais os aspirantes a escritores tem procurado investir dinheiro do próprio bolso com a edição. É bastante louvável a iniciativa de associações literárias em lançar coletâneas, como esta, possibilitando projetar vários autores e seu estilo literário à apreciação do público. Outro fator incontestável registrado durante as conversas informais com alguns escritores, é que ninguém vive da renda de seus livros. Neste perfil de pesquisado, a maioria escreve por hobby.
Talvez por isso haja uma tendência em rotular quem escreve como uma pessoa estranha. Pessoas normais não são escritoras. A vasta maioria das pessoas não gosta de escrever. Talvez leiam um ou dois livros por ano mas sem dar vazão às suas ideias e traumas, não dão vida aos seus pensamentos por registrá-los por escrito. Escrever é algo como uma obsessão. Pergunte a qualquer escritor e eles dirão que não conseguem imaginar a vida deles sem escrever.
Particularmente acho difícil imaginar minha vida sem colocar muitas de minhas experiências, anseios e pensamentos no papel. Claro que tenho motivação maior por estar também no meio jornalístico. Aliás, conteúdo inspirador para meu próximo livro, pois os registros jornalísticos que acumulei em mais de 40 anos de profissão, estão sendo bastante inspiradores para obter o êxito almejado.
*Jornalista e sócio fundador da Academia de Letras de Maringá. Ocupa a cadeira 25 tendo como patrono o escritor e jornalista Lima Barreto.Presidente da União dos Jornalistas e Escritores de Maringá - Unijore.