GÊNIOS CONTAM-SE NOS DEDOS

Continuo confiando e esperando do criador de signos sempre o melhor poema, porque este deve ter inventiva e lucidez aliada à potência criativa para – com cinzel de artista – engastar o diamante das ideias no metal precioso das palavras. Vale dizer, tudo serve e é desafio para os tormentosos signos de beleza e os costumeiros silêncios (de admiração?) dos colegas de letras e do poeta-leitor. Boca fechada! Alguém vai surpreender-se com a fruição da Poesia e possivelmente enciumar-se com a louvação sobre a peça escrita. É muito simples e singelo querer-se somente festejar o surgimento das loas. Pode ser agradável, mas não tem graça. Pra mim, sempre causa preocupação o elogio sem causa aparente. Todavia, estes agrados nem sempre trazem avanços no processo de criação. Para tudo, enfim, importa em demoradas fruições o amadurecimento de palavra e gesto gráfico prenhe de metafórica imagética capaz de envolver o poeta-leitor. De lhe causar sugestão e reprodução plástica mental. Gênios contam-se nos dedos, mesmo assim, ninguém nasce sabendo. Até a genialidade tem seus trejeitos adquiridos no decurso do tempo...

– Do livro OFICINA DO VERSO, 2015.

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