Dia nacional do livro infantojuvenil
Hoje, 18 de abril, no Brasil, se comemora o Dia Nacional do Livro Infantojuvenil, em homenagem ao natalício do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), considerado o pai da literatura infantil brasileira. É uma data para se celebrar com alegria, uma vez que o nosso país vem se caracterizando por uma plêiade significativa de autores dentro desse gênero.
Temos, no Brasil, três distinções conseguidas com o prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da Literatura Infantil. Autores como Ana Maria Machado, Lygia Bojunga Nunes e o autor-ilustrador Roger Mello já foram agraciados com esse prêmio internacional.
Há uma riqueza na nossa literatura infantojuvenil e, a cada dia, surgem novos escritores que se dedicam à literatura endereçada às crianças e aos nossos adolescentes.
Dos antigos, dentre os que já se foram, gostaria de destacar a querida poeta Cecília Meireles, os grandes Bartolomeu Campos de Queirós, Elias José, José Paulo Paes, Cora Coralina, Tatiana Belinky e a bem-humorada Sylvia Orthof. Além destes, destaco, ainda, Mário Quintana e Manoel de Barros. Claro que existem outros que já se foram e deixaram escritos também endereçadas a esse público, como os próprios Lêdo Ivo, João Ubaldo Ribeiro, Érico Veríssimo, Moacir Sclyar, Clarice Lispector, Leminski e o poeta Carlos Drummond de Andrade, dentre inúmeros outros. Como podem ver são luminares que também tiveram o carinho de rabiscar palavras para inaugurar a leitura nas crianças e nos jovens desse país.
E existem os contemporâneos, que por aí estão, vivíssimos, a produzir boa literatura infantojuvenil. Poderia mencionar um número enorme de autores. Vou me permitir citar apenas alguns, aqueles com os quais tenho mais proximidade e intimidade. Ziraldo, Ciça, Eva Furnari, Ângela Lago, Mariângela Haddad, Marilda Castanha, Celso Sisto, Roseana Murray, Marina Colasanti, Ruth Rocha, Sergio Caparelli, Pedro Bandeira, Leo Cunha, Ninfa Parreiras, Lenice Gomes, Sonia Junqueira, André Neves, Joel Rufino, Ricardo Azevedo, Eliardo e Mary França, dentre tantos e tantos outros. Como veem, há uma infinidade de autores, sendo que esta lista poderia ir mais longe. É a pujança da literatura infantojuvenil brasileira.
Deixo também uma palavra de homenagem aos autores de literatura infantojuvenil aqui do estado do Rio Grande do Norte. Começo por aquela que pode ser considerada a “mãe da literatura infantojuvenil potiguar”, a autora Nati Cortez (1914-1989). Ela publicou vários livros para esse público, inclusive o livro “O maribondo amoroso”, que recentemente foi relançado pela União Brasileira de Escritores – UBE/RN, que também criou a coleção infantojuvenil que leva o nome Coleção Nati Cortez. Há, inclusive, uma intenção da UBE/RN em encaminhar solicitação à Assembleia Legislativa do Estado no sentido de que o dia 08 de setembro seja reconhecido como o “Dia potiguar do livro infantojuvenil”, numa clara homenagem a essa autora, que foi a pioneira nos escritos para crianças e para jovens aqui no RN.
Existem alguns autores que se preocuparam em escrever e em coligir textos destinados às crianças e aos adolescentes. Câmara Cascudo (1898-1986), nosso grande etnólogo e folclorista coletou, organizou e reescreveu inúmeras estórias maravilhosas como “A princesa de Bambuluá”, “A princesa do Sono-sem-fim”, “Bicho de palha”, “Couro de piolho”, além de clássicos como “O chapeuzinho vermelho”, “A bela e a fera”, “A moura torta”, dentre tantos outros. Todos esses trabalhos podem ser encontrados no seu livro “Contos tradicionais do Brasil”.
Importante destacar os escritos destinados aos jovens, principalmente, publicados pelo premiado autor Homero Homem (Canguaretama, 1921-1991), como “Menino de asas”, “Pelejas de amor” e o “Mundo do silêncio verde”, dentre outros. É um dos autores ficcionistas potiguares que goza de considerável prestígio em âmbito nacional.
Atualmente a literatura infantojuvenil potiguar encontra-se em franca expansão com o surgimento de novos autores que começam a se preocupar em dedicar seus escritos a esse importante público formado por crianças e por adolescentes e jovens.
Podemos citar o poeta Diógenes da Cunha Lima, presidente da Academia Norte-riograndense de Letras – ANL, autor de “O alfabeto e outras canções infantis”, “A avó e o disco voador”, “O trem das crianças”, dentre outros.
Clotilde Tavares, que lançou agora em abril de 2015 “O monstro de sete bocas”, que dá sequência a uma trilogia inaugurada com “A botija”, destinados ao público jovem; Salizete Freire Soares, autora de “A semana tem sete sonhos”, “Tudo vira outra história”, “Mundo pra que te quero”, “A lua no céu e ela na Terra”, dentre outros.
Juliano Freire, jornalista que já publicou os livros “Doninha e o marimbondo”, “Pereyra, o menino bom de bola” “Felizardo contra a bruxa da feira”, além de “Gumercindo mora no castelo”, que está pronto, aguardando para ser publicado.
Celeste Borges, autora de “O casamento do sapo Serafim com a borboleta Flor”; Roberto Lima de Souza (presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN), autor do cordel “Romance da Princesa Kalina e da feiticeira que roubou o sorriso das fadas”; Maria das Graças Brandão Soares (“Histórias do baú da vovó”); Nivaldete Ferreira (“Psilinha, cosmo de caramelo”, “Cantando e aprendendo”).
Podemos citar alguns poetas cordelistas que vêm se dedicando à literatura infantil: Antonio Francisco, José Acaci, Marcos Medeiros, Rariosvaldo de Oliveira e Sirlia Sousa de Lima. A partir deles, uma safra de várias produções significativas têm chegado às escolas.
Importante ressaltar jovens valores como Bárbara Lima de Medeiros (“O escritor de sonhos”), já no seu segundo livro “Sindicato das bailarinas circenses”; Jorge Enrique (“O tesouro dos Maias”); Monalisa Silvério (“Meu cavalo coragem”, “Minha bolsa mágica”, dentre outros); Raquel Monte (As ruínas brancas) e o ficcionista Gustavo Diógenes (Acáci Mundo 17).
É ainda pertinente relembrar que o Brasil conta com excelentes ilustradores de livros, como Flavio Fargas, Eva Furnari, Ângela Lago, André Neves, Elma Neves, Mariaângela Haddad, Marilda Castanha, Nelson Cruz, Luiz Maia, Claudia Schatamacchia, Eliardo França, Mariana Massarani, Roberto Negreiros, Ziraldo, e o já citado Roger Mello, ganhador do prêmio Hans Christian Andersen, dentre outros que ajudam a dar vida aos textos e a fazer os livros infantojuvenis mais atraentes aos olhos dos leitores.
Finalmente, não poderia deixar de dizer que eu também gosto de escrever para crianças. É uma dádiva poder criar poemas e textos que podem despertar o interesse das crianças para a leitura. Porque, infelizmente, o Brasil ainda não é um país de leitores. E precisamos, desde a mais tenra infância, incentivar o gosto e o prazer pela leitura. Uma geração precisa ser formada à sombra dos livros e dos autores imortais porque todos nós sabemos que a leitura é um portal que abre horizontes infinitos e possibilita ao homem redescobrir e reinventar universos de magia e encanto.