No reino encantado da fantasia e da imaginação
No dia 02 de abril é comemorado o Dia Internacional do Livro Infantojuvenil, uma vez que é a data natalícia do dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875), um dos grandes nomes da literatura infantil. Dentre as suas obras, podemos destacar: A pequena sereia, O patinho feio, A roupa nova do rei, A rainha da neve e A pequena vendedora de fósforos. São clássicos que vêm encantando as crianças e os adultos do mundo inteiro, desde o século XIX até os dias atuais, com sucessivas reedições.
Na verdade, a história da literatura infantil remonta a dois séculos antes, século XVII, com o estabelecimento das bases para o gênero “conto de fadas”, pelo autor francês Charles Perrault, considerado o “pai da literatura infantil”. Desse autor, podemos destacar: Chapeuzinho vermelho, A bela adormecida, O pequeno polegar, O gato de botas, Cinderela, Barba Azul e Pele de asno. Perrault teve o grande mérito de sistematizar de forma literária essas estórias que eram contadas oralmente nos salões parisienses.
Ainda no campo da literatura infantil é importante mencionar os irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm Grimm), que viveram no século XVIII, na Alemanha, e que compilaram vários desses contos clássicos, como Branca de Neve, Os músicos de Bremen, O alfaiate valente, O lobo e os sete cabritinhos, para se citar apenas algumas de suas obras.
Assim, o berço da literatura infantil passa pelos países França (século XVII), Alemanha (século XVIII), e se consolida na Dinamarca (século XIX), com Hans Christian Andersen, que era filho de um cozinheiro e de uma lavadeira. Esse autor, devido à sua origem humilde, teve muitas dificuldades para completar seus estudos. Com grande esforço e com a ajuda de pessoas de destaque naquela época, conseguiu chegar à universidade e veio a escrever vários romances. Contudo, notabilizou-se mesmo foi pelos contos infantis, tendo chegado a escrever mais de 150 deles.
Em decorrência de sua grande produção dentro do gênero, e pela sua capacidade em ter adaptado as fábulas a uma linguagem mais adequada ao universo das crianças, o Dia Internacional do Livro Infantojuvenil é comemorado na data do seu nascimento. Além do mais, em sua homenagem, foi criado o prêmio internacional Hans Christian Andersen, concedido a cada dois anos, pela Internacional Board on Books for Young People (entidade filiada à UNESCO), a autores e a ilustradores vivos que se destacam pelo conjunto de sua obra dentro do gênero. Esse prêmio é citado como o mais importante da literatura infantojuvenil, sendo considerado como um pequeno Nobel de Literatura.
A primeira ganhadora desse cobiçado prêmio foi a escritora e poeta inglesa Eleanor Farjeon (1881-1965), que o recebeu nos idos de 1956.
O Brasil merece destaque nesse gênero, sendo que já contabiliza três laureados com esse prêmio. Em 1982, a escritora Lygia Bojunga Nunes foi a laureada. No ano de 2000, o prêmio foi concedido à escritora Ana Maria Machado. Finalmente, no ano de 2014, foi a vez do ilustrador brasileiro Roger Mello que teve sua obra reconhecida como merecedora do Hans Christian Andersen.
Então, temos muito o que comemorar nesse 02 de abril. Principalmente a pujança de nossa literatura infantojuvenil que conta com muitos autores vivos, em franca produção de uma literatura de qualidade destinada a crianças e a adolescentes. Para citar apenas alguns, podemos destacar: Ruth Rocha, Roseana Murray, Marina Colasanti, Pedro Bandeira, Ziraldo, Celso Sisto, Leo Cunha, Sérgio Caparelli, Joel Rufino, Daniel Munduruku, Angela Lago, Eva Furnari e Ricardo Azevedo, dentre outros.
Não podíamos deixar de mencionar autores brasileiros que já se foram. Mas que nos legaram obras de grande valor literário no gênero infantojuvenil. Alguns dos quais podemos nos orgulhar: Bartolomeu Campos de Queirós, Elias José, Tatiana Belinky, Sylvia Orthof, José Paulo Paes, Cora Coralina, Mario Quintana, Cecília Meireles e o “pai da literatura infantil brasileira”, Monteiro Lobato, dentre outros.
Para finalizar nossas homenagens à literatura universal infantojuvenil, podemos relembrar Esopo (autor fabulista grego, 620-560 a.C), La Fontaine (poeta e fabulista francês, o pai da fábula moderna, 1621-1695), Lewis Carrol (escritor inglês, 1832-1898, autor de Alice no país das maravilhas) e Saint-Exupéry (escritor francês, 1900-1944, autor de O pequeno príncipe,). Todos eles nos presentearam com obras imortais, consagradas no mundo inteiro, desde os tempos imemoriais até os dias de hoje. É claro que existem outros, de outras nacionalidades, inclusive Mia Couto, escritor e romancista moçambicano, autor de “Terra Sonâmbula”, que também escreve para o público infantojuvenil (A menina sem palavra, O gato e o escuro, por exemplo).
Então, com estes breves registros, celebramos com alegria o 02 de abril. Que seja uma data gravada na memória de todos os que amam os livros. Homenageamos tanto os que os escreveram no passado, quanto os que os escrevem ainda hoje pensando nas crianças e nos adolescentes. E também celebramos a todos os que leem esses livros, e que com eles se encantam e constroem o imaginário de suas vidas. Pois, no limite, podemos dizer que a boa literatura infantojuvenil é fruída com prazer por leitores de todas as idades.
Então, nesse dia de hoje, que saibamos valorizar o livro infantil, pois dentro de cada um de nós mora uma criança que precisa desse alimento de palavras. Que os contos de fadas, as fábulas, as parlendas, as adivinhas, os trava-línguas, a poesia e a boa literatura de todos os tempos e de todos os lugares possa fazer morada em nosso imaginário. E que essa literatura tenha o dom de nos transportar para o reino encantado, para o lugar mágico onde somos reis, rainhas, príncipes e princesas a viajar nas asas da fantasia e da imaginação. Viva a leitura e viva o livro infantojuvenil!