DE UM EDITOR PARA AUTORES
Prezados
Estamos no mesmo barco que alguns chamam de “barca furada”, que é o exercício da Literatura,essa “deusa cadela”,que prestigia uns em detrimento de outros e,quase nunca reconhece talentos que achamos que temos.
Os doze trabalhos de Hércules são fichinha em relação ao que enfrentamos,os dois.
Idealizar um livro, escrevê-lo,mostra-lo timidamente aos amigos, em busca de um sinal de aprovação ,revisá-lo,mudar aqui e ali coisas que poderíamos melhorar,ler,reler ,por fim,enviar o arquivo para uma Editora; isso,depois de gastar sola de sapato até encontrar uma, cujos preços caibam nos nossos bolsos rasos, mas,cheio de profundas esperanças.
Acertado esse difícil entendimento, partimos para a espera.
Agora, entra em cena o Editor,esse sujeito todo – poderoso capaz de transformar em coisa palpável nossas ideias escritas.
O Editor move o revisor ou copidequista que coloca as vírgulas nos seus devidos lugares,conserta erros de gramática e ortografia e ainda da forma inteligível arruma nossos pensamentos.Paralelo a ele vem o capista; a esse cabe interpretar nosso pensamento em imagens, cores e formatá-las de forma atraente,pois,a capa é o chamariz do livro e ,se não chamar atenção,ninguém se interessa pelo conteúdo.
Ela não pode ser apenas bonita; tem que ser linda,diferente,apelativa sem vulgaridade, tem que dizer ao autor:-Possua-me! E fazê-lo atender ao chamado.
Diagramação do livro é outra estória; mas,tem que ser uma estória de sucesso.
Palavras e ideias certinhas,arrumadas,comportadinhas como debutantes,títulos,capítulos,ideias nos seus lugares,esperando que um ávido leitor as devore.
Ah, as ilustrações se fazem necessárias.
O velho Lobato já dizia desconfiar de livros sem figurinhas e até escreveu:
“-Eu bem digo que é muito perigoso ler certos livros.Os únicos que não fazem mal á gente são os que têm diálogos e figuras engraçadas.”
Tai o segredo do bem escrever:humor, conteúdo e ilustração.
O suporte material do livro é muito importante. Tem que contribuir para a durabilidade do texto,portanto ,mantendo a obra em circulação.Gerar expectativa ao leitor e colaborar para a compreensão do texto,diz um famoso editor.
Livros sem orelha, que soltam as páginas, que após lidos parecem soldados voltando da guerra,estropiados e esfrangalhados,dizem muito mal do autor e da editora, além de fazer o leitor reconsiderar se seu rico dinheirinho foi bem empregado.
A compreensão do texto ,também,é muito importante;ai entra um bom trabalho do copidesque.
O texto nasce de uma conversa interior do autor consigo mesmo, mas,para virar texto necessita estar num formato que traga apelo aos sentidos.
O texto bem enunciado ,apresentado ao leitor,faz sucesso; por isso nunca poderemos descuidar da composição tipográfica que é responsável pela legibilidade do texto e cuidar para que o mesmo discorra de uma forma legível e não canse o leitor.
A escolha da fonte é imprescindível; quem nunca parou de ler um livro cujas letrinhas minúsculas não foram feitas para míopes? Há muitos anos atrás já se discorria sobre o aumento da miopia entre alunos das escolas públicas devido á má escolha das fontes.
Ler é criar imagens mentais. O bom autor “pinta “o texto e parece que estamos vendo as paisagens,os castelos e até sentimos o cheiro das flores.
Escrever de forma coloquial como eu faço e alguns autores também, dá ao leitor aDE ideia de uma conversa agradável entre amigos e prolonga o prazer da leitura.
Salinger, autor do livro “O apanhador no campo de centeio”,que marcou minha geração,dizia que o bom livro é aquele que,quando acaba a leitura , o leitor tem vontade de ligar para o autor.Hoje, podemos passar um e-mail.Ou ,recomendar no Facebook.
Aqui não falamos ainda da divulgação e venda,assunto para outros artigos.
Vamos passar para o tempo da feitura de um livro,que para mim,é cruel. Quase 60 dias entre a entrega do arquivo e o livro posto nas mãos do autor. E a grande vilã é a gráfica.
Nossos colaboradores entregam seus trabalhos em tempo hábil.O trabalho tem que esperar a chegada do ISBN que será inserido na capa.Dias de espera.
Enfim,vai para a gráfica e ,como bom brasileiro,fica deitado eternamente em berço esplêndido.E,quanto melhor a gráfica, mas, concorrida.E, mais demorada!
As que trabalham mais rápido cobram os olhos da cara; custo que o autor não quer ou não pode assumir.
Considerações finais:
O mercado editorial brasileiro é fantástico.Fazemos livros belíssimos aqui.Mas, é demorado e o livro tem que ter pouca tiragem porque há poucos leitores.
Um autor que vende 300 livros – se não for conhecido ou bancado pelo governo ou por grupos editoriais poderosos que dominam a mídia –pode ser considerado Best –seller.
O custo gráfico de 1000 exemplares baixa bastante. Há livros que saem até por $4.Mas, o autor terá que dispor de $4000 só para a impressão.
Para mim, não compensa .Não faço e não aconselho nenhum escritor novo a correr esse risco.
Posso estar errada,mas,prefiro a cautela a um prejuízo no bolso.
E, o pior,a morte de um sonho!
Miriam de Sales
Texto escrito a 21/3/09
Prezados
Estamos no mesmo barco que alguns chamam de “barca furada”, que é o exercício da Literatura,essa “deusa cadela”,que prestigia uns em detrimento de outros e,quase nunca reconhece talentos que achamos que temos.
Os doze trabalhos de Hércules são fichinha em relação ao que enfrentamos,os dois.
Idealizar um livro, escrevê-lo,mostra-lo timidamente aos amigos, em busca de um sinal de aprovação ,revisá-lo,mudar aqui e ali coisas que poderíamos melhorar,ler,reler ,por fim,enviar o arquivo para uma Editora; isso,depois de gastar sola de sapato até encontrar uma, cujos preços caibam nos nossos bolsos rasos, mas,cheio de profundas esperanças.
Acertado esse difícil entendimento, partimos para a espera.
Agora, entra em cena o Editor,esse sujeito todo – poderoso capaz de transformar em coisa palpável nossas ideias escritas.
O Editor move o revisor ou copidequista que coloca as vírgulas nos seus devidos lugares,conserta erros de gramática e ortografia e ainda da forma inteligível arruma nossos pensamentos.Paralelo a ele vem o capista; a esse cabe interpretar nosso pensamento em imagens, cores e formatá-las de forma atraente,pois,a capa é o chamariz do livro e ,se não chamar atenção,ninguém se interessa pelo conteúdo.
Ela não pode ser apenas bonita; tem que ser linda,diferente,apelativa sem vulgaridade, tem que dizer ao autor:-Possua-me! E fazê-lo atender ao chamado.
Diagramação do livro é outra estória; mas,tem que ser uma estória de sucesso.
Palavras e ideias certinhas,arrumadas,comportadinhas como debutantes,títulos,capítulos,ideias nos seus lugares,esperando que um ávido leitor as devore.
Ah, as ilustrações se fazem necessárias.
O velho Lobato já dizia desconfiar de livros sem figurinhas e até escreveu:
“-Eu bem digo que é muito perigoso ler certos livros.Os únicos que não fazem mal á gente são os que têm diálogos e figuras engraçadas.”
Tai o segredo do bem escrever:humor, conteúdo e ilustração.
O suporte material do livro é muito importante. Tem que contribuir para a durabilidade do texto,portanto ,mantendo a obra em circulação.Gerar expectativa ao leitor e colaborar para a compreensão do texto,diz um famoso editor.
Livros sem orelha, que soltam as páginas, que após lidos parecem soldados voltando da guerra,estropiados e esfrangalhados,dizem muito mal do autor e da editora, além de fazer o leitor reconsiderar se seu rico dinheirinho foi bem empregado.
A compreensão do texto ,também,é muito importante;ai entra um bom trabalho do copidesque.
O texto nasce de uma conversa interior do autor consigo mesmo, mas,para virar texto necessita estar num formato que traga apelo aos sentidos.
O texto bem enunciado ,apresentado ao leitor,faz sucesso; por isso nunca poderemos descuidar da composição tipográfica que é responsável pela legibilidade do texto e cuidar para que o mesmo discorra de uma forma legível e não canse o leitor.
A escolha da fonte é imprescindível; quem nunca parou de ler um livro cujas letrinhas minúsculas não foram feitas para míopes? Há muitos anos atrás já se discorria sobre o aumento da miopia entre alunos das escolas públicas devido á má escolha das fontes.
Ler é criar imagens mentais. O bom autor “pinta “o texto e parece que estamos vendo as paisagens,os castelos e até sentimos o cheiro das flores.
Escrever de forma coloquial como eu faço e alguns autores também, dá ao leitor aDE ideia de uma conversa agradável entre amigos e prolonga o prazer da leitura.
Salinger, autor do livro “O apanhador no campo de centeio”,que marcou minha geração,dizia que o bom livro é aquele que,quando acaba a leitura , o leitor tem vontade de ligar para o autor.Hoje, podemos passar um e-mail.Ou ,recomendar no Facebook.
Aqui não falamos ainda da divulgação e venda,assunto para outros artigos.
Vamos passar para o tempo da feitura de um livro,que para mim,é cruel. Quase 60 dias entre a entrega do arquivo e o livro posto nas mãos do autor. E a grande vilã é a gráfica.
Nossos colaboradores entregam seus trabalhos em tempo hábil.O trabalho tem que esperar a chegada do ISBN que será inserido na capa.Dias de espera.
Enfim,vai para a gráfica e ,como bom brasileiro,fica deitado eternamente em berço esplêndido.E,quanto melhor a gráfica, mas, concorrida.E, mais demorada!
As que trabalham mais rápido cobram os olhos da cara; custo que o autor não quer ou não pode assumir.
Considerações finais:
O mercado editorial brasileiro é fantástico.Fazemos livros belíssimos aqui.Mas, é demorado e o livro tem que ter pouca tiragem porque há poucos leitores.
Um autor que vende 300 livros – se não for conhecido ou bancado pelo governo ou por grupos editoriais poderosos que dominam a mídia –pode ser considerado Best –seller.
O custo gráfico de 1000 exemplares baixa bastante. Há livros que saem até por $4.Mas, o autor terá que dispor de $4000 só para a impressão.
Para mim, não compensa .Não faço e não aconselho nenhum escritor novo a correr esse risco.
Posso estar errada,mas,prefiro a cautela a um prejuízo no bolso.
E, o pior,a morte de um sonho!
Miriam de Sales
Texto escrito a 21/3/09