VERBO E IMAGEM GOVERNAM O LEGADO (Poesia e Filosofia)

Tem muita pertinência a trazida dos aforismos de Friedrich Nietzsche (1840/1900) para lembrar os registros do pensamento e de alguns fatos de sua época. Lembrei-me dos chamados POEMAS SENTENCIAIS OU INCISIVOS popularizados na Europa Central, nas escolas de filosofia, letras e na imprensa da época, especialmente na poesia alemã (em que, diferentemente do modelo tradicional dominante no restante da Europa especialmente em Portugal e Espanha), continha rarefeita figuração de linguagem, especialmente quanto à metaforização, abordando conceitos morais, éticos e sociais, da qual são bons exemplos alguns poemas e textos de Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832). Era o formato do pensamento e da expressão verbal predominante na época. A Poesia de então continha mais personalidade filosófica do que propriamente poética. Cada povo, cada idioma, possui suas especificidades histórico-sociais-psicológicas, que são contadas segundo o espírito circunstancial de seus poetas e contadores de histórias. O humor casual, a normalidade das relações sociais, a bonomia ou as congestões emocionais governam cada tempo de viver. Passam-me pela cabeça os tempos da queda da Bastilha e o ciclo napoleônico, em França; a contingência do cinema mudo, com a comicidade originalíssima de Charles Chaplin, que, todavia, sabe ser irônico e percuciente em “O Grande Ditador”. A criatura humana é a mesma, porém curiosamente diferente em cada época, traçando a sua epopeia cotidiana. Enfim, palavra e imagem governam o legado que ficará para a posteridade, a embasar o futurismo.

– Do livro O CAPITAL DAS HORAS, 2014/15.

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/5152422