A mulher como autora na literatura brasileira
Acredito que vai demorar um pouco para a mulher ocupar o mesmo patamar Socio-econômico-cultural do homem, apesar de algumas conquistas em profissões que antes só eram exercidas por homens.
Mas, quero me referir, especialmente, à mulher no cenário literário como autora de livros. Pelo menos no que diz respeito ao espaço editorial brasileiro podemos notar um certo machismo. Para começo de conversa o termo "literatura feminina" já traduz uma descriminação, haja vista que não existe a literatura masculina, e, sendo assim, não vejo porquê essa denominação. literatura é literatura e pronto. Se tem ou não valor literário é outro assunto. E a situação piora quando falamos em premiação, em que as autoras são minoria numa lista enorme de autores masculinos. Em editoras mais conceituadas, geralmente a maioria dos títulos ainda é assinado por homens, principalmente na literatura contemporânea, que por si só já sofre um certo preconceito, porque os clássicos ainda são os preferidos. E quando se fala em clássicos os nomes que vêm à cabeça são de homens.
A pesquisadora e professora da UnB Regina Dalcastagné, no livro Literatura brasileira contemporânea: um território contestado (Horizonte), mostra que, dos romances brasileiros publicados entre 1990 e 2004 pela Companhia das Letras, Rocco e Record, consideradas como as maiores editoras do país, 72% dos títulos eram assinados por homens. Destacando no seu trabalho, também, outro tipo de preconceito: a maioria era de autores brancos.
Apesar de algumas autoras terem feito história no cenário literário brasileiro, ocupando cadeiras na Academia Brasileira de Letras, como as escritoras Nélida Pinõn, Rachel de Queiroz, Dinah de Silveira de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Zélia Gattai e Ana Maria Machado, as dificuldades que autoras contemporâneas encontram ainda são muito grandes, seja como romancistas, contistas ou outros temas. A menos que tenham a mídia televisiva a seu favor. E, além disso, existe o desinteresse das editoras pelo livro que seus editores julgam não vendável, ou de autores novos, independente de ser mulher ou homem.
Se todos pensassem assim a escritora inglesa Jane Austen, ( 1775 - 1817 ) autora da obra "Pride and Prejudice" (Orgulho e Preconceito) hoje um clássico da literatura inglesa, não teria sido reconhecida, já que na sua época o romance era considerado um gênero de menor qualidade e a mulher era educada para casar.