MORTE SÚBITA

Seria muita pretensão minha dizer que se trata de "crítica" literária; é apenas um ligeiro comentário de quem terminou de ler o romance.

"Morte súbita", de J. K. Rowling é uma boa surpresa.

Para quem não se recorda, Rowling é autora de sucesso entre os adolescentes, com histórias de Harry Porter.

Sobre Porter nada posso dizer; não li os livros e só vi um dos filmes, sem muito interesse.

"Morte súbita", segundo a própria autora, é "uma grande história sobre uma cidade pequena".

O roteiro, em rápida explicação, narra a morte natural e inesperada de um conselheiro municipal e a consequente eleição para encontrar um substituto.

Pagford, onde se desenrola a história, é o micro cosmo de nossa sociedade.

Nela é possível observar que em qualquer lugar do mundo os interesses das pessoas são iguais.

Como são iguais outras facetas humanas, como maldade, traição, opressão aos fracos e indiferença generalizada.

Tudo construído nessa pequena comunidade imaginária, onde habitam médicos estrangeiros (na Inglaterra o percentual de médicos estrangeiros, a maioria indianos, é de 37,2%; enquanto no Brasil é de 1,7%, um dos índices mais baixos do mundo - dados da ONU), menores infratores, adolescentes sem perspectiva, problemas sociais, subsídios do governo aos necessitados, elite social que não deseja mudanças, ódio, amor, frustração, medo, esperança, etc.

Ou seja, tudo de bom e de mau que habita o ser humano.

Facilmente a eleição municipal em Pagford, para eleger um conselheiro de pouca importância, pode ser comparada com qualquer eleição, seja no Brasil, no Japão, Belize ou Estados Unidos, com articulações, vaidades, mentiras e o obsessivo desejo de se impor ao próximo e ditar-lhe a vida.

E no final, facilmente esconder-se da própria maldade, buscando conforto em paradigmas que vamos criando no decorrer da existência.

Caso você leia, e espero que sim, faça-o desarmado de espírito e reflexivamente.

J. K. Rowling sabe que os adolescentes para quem escreveu a série "Harry Porter" anos atrás hoje são adultos.

Com "Morte súbita" ela volta a atraí-los e para passa-lhes uma boa lição.

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Obrigado pela leitura.

Sajob, setembro de 2014