É incontestável que as pessoas gostam de finais felizes.
Elas idealizam desfrutar, na ficção, uma felicidade que perseguem na denominada vida real. Se não podem sorrir seguindo a amarga rotina, precisam disfarçar as fortes angústias explorando os prazeres ilusórios os quais a arte literária faculta.
Os melhores finais são os alegres e perfeitos?
Na realidade nunca conseguimos ter os finais felizes?
O que precisa prevalecer na hora de encerrar as histórias?
A espontaneidade ou os desfechos deslumbrantes, o que buscar?
Claro que um desfecho muito docinho não convence e parece bobo. Por exemplo, se nós lemos o clássico Eles foram felizes para sempre, logo consideraremos a história falha e merecedora de desprezo.
Se, numa união, provamos uma excelente cota de felicidade, já é justo comemorar bastante. Por que, então, essa preocupação de eternizar a ventura, condicionando o casal a um sentimento o qual costuma alterar a cor no porvir?
Provavelmente a princesinha, após os anos, deve lastimar os defeitos do príncipe. Os roncos, a preguiça, o sexo sem graça, a vizinha provocante também serão alguns obstáculos durante a convivência.
Como garantir que, num certo momento, um dos dois não ficará com a paciência esgotada e decidirá anular a magia a qual um dia os guiou?
Penso que o final ficaria melhor assim:
Eles seguiram empolgados demais, cheios de tesão, e, analisando que a cavalgada seria longa, decidiram dar uma parada no meio do caminho para uma rápida bingolada na grama...
Pouco romântico?
Talvez, porém mais convincente do que o final anterior.
Certa vez eu li Roberto Pompeu de Toledo, na revista Veja, afirmando que Shakespeare salvou Romeu e Julieta.
Se não fosse o brilhante autor, os dois não suportariam manter aquele excesso de mel o qual os aproximava.
Inexperientes demais, na ocasião, logo perceberiam que perderam a juventude num envolvimento precipitado e afobado.
A tragédia literária impede uma tragédia mais grave.
Sem obstáculos, somando vinte anos, Romeu não resistiria escutando a Julieta mimada reclamando do cabelo e ela já estaria explodindo com o esposo tão folgado, incapaz de recitar uma poesia decente, sempre repetindo os mesmos versos imbecis os quais memorizou na fase da conquista.
Para complicar, os filhos deseducados, a falta de habilidade culinária da esposa, os boatos sobre o adultério enquanto ele se reúne com os amigos, os sogros chatos, entre outras coisas, destruiriam a harmonia encantada.
Shakespeare foi genial!
Sobre os tristes finais da vida real, imagino que há um grande exagero nessa opinião. Não é tão ruim assim!
Além disso, não podemos pensar num final esquecendo o começo e o meio da trama.
Uma observação meticulosa faria a gente perceber que, se o final sai pouco atraente, antes algo não caminhava bem.
Os romances os quais começaram floridos e viram filmes de terror, várias vezes, durante o namoro, mostram a mocinha sabendo que o cara detesta trabalhar, adora a boemia, é instável, porém ela aposta numa improvável mudança.
Mais tarde, além dos outros defeitos, o marido passa a agredi-la, nunca abandona os bares, sempre acaba as madrugadas com uma piriguete.
O problema estava no fim do enredo ou era necessário rever o início e o meio dessa aventura?
Quantas situações não repetem esse exemplo?
É sensato esperar finais milagrosos caindo do céu se não preparamos o desfecho alegre com nossas atitudes desde o começo?
Escrevendo, há enorme espaço para fantasiar, pintando belas imagens num horizonte nublado, fugindo da realidade implacável.
Vale a pena deixar o ardor poético brilhar!
Apesar disso, é importante rejeitar as tintas ingênuas, tentando elaborar um final que empolga porque não contraria a lógica e o verossímil.
Queremos um mundo melhor, mais justo, menos agressivo.
Isso é possível lutar por conquistar.
Almejar, contudo, que o dinheiro nasça nas árvores é sonhar uma meta absurda e inalcançável.
* A inspiração tanto seduz e ousa falar alto quando escrevemos, porém precisamos ajudá-la, afastando os anseios bastante infantis os quais a própria fantasia reprova.
Dosando o ímpeto criador, as buscas otimistas e formosas, aspirações legítimas as quais os notáveis escritores guardam, permitirão brotar primorosos finais que, na mente do leitor, jamais terminarão, nunca cessarão de despertar a admiração, sempre continuarão estimulando incontáveis aplausos emocionados.
Um abraço!
Elas idealizam desfrutar, na ficção, uma felicidade que perseguem na denominada vida real. Se não podem sorrir seguindo a amarga rotina, precisam disfarçar as fortes angústias explorando os prazeres ilusórios os quais a arte literária faculta.
Os melhores finais são os alegres e perfeitos?
Na realidade nunca conseguimos ter os finais felizes?
O que precisa prevalecer na hora de encerrar as histórias?
A espontaneidade ou os desfechos deslumbrantes, o que buscar?
Claro que um desfecho muito docinho não convence e parece bobo. Por exemplo, se nós lemos o clássico Eles foram felizes para sempre, logo consideraremos a história falha e merecedora de desprezo.
Se, numa união, provamos uma excelente cota de felicidade, já é justo comemorar bastante. Por que, então, essa preocupação de eternizar a ventura, condicionando o casal a um sentimento o qual costuma alterar a cor no porvir?
Provavelmente a princesinha, após os anos, deve lastimar os defeitos do príncipe. Os roncos, a preguiça, o sexo sem graça, a vizinha provocante também serão alguns obstáculos durante a convivência.
Como garantir que, num certo momento, um dos dois não ficará com a paciência esgotada e decidirá anular a magia a qual um dia os guiou?
Penso que o final ficaria melhor assim:
Eles seguiram empolgados demais, cheios de tesão, e, analisando que a cavalgada seria longa, decidiram dar uma parada no meio do caminho para uma rápida bingolada na grama...
Pouco romântico?
Talvez, porém mais convincente do que o final anterior.
Certa vez eu li Roberto Pompeu de Toledo, na revista Veja, afirmando que Shakespeare salvou Romeu e Julieta.
Se não fosse o brilhante autor, os dois não suportariam manter aquele excesso de mel o qual os aproximava.
Inexperientes demais, na ocasião, logo perceberiam que perderam a juventude num envolvimento precipitado e afobado.
A tragédia literária impede uma tragédia mais grave.
Sem obstáculos, somando vinte anos, Romeu não resistiria escutando a Julieta mimada reclamando do cabelo e ela já estaria explodindo com o esposo tão folgado, incapaz de recitar uma poesia decente, sempre repetindo os mesmos versos imbecis os quais memorizou na fase da conquista.
Para complicar, os filhos deseducados, a falta de habilidade culinária da esposa, os boatos sobre o adultério enquanto ele se reúne com os amigos, os sogros chatos, entre outras coisas, destruiriam a harmonia encantada.
Shakespeare foi genial!
Sobre os tristes finais da vida real, imagino que há um grande exagero nessa opinião. Não é tão ruim assim!
Além disso, não podemos pensar num final esquecendo o começo e o meio da trama.
Uma observação meticulosa faria a gente perceber que, se o final sai pouco atraente, antes algo não caminhava bem.
Os romances os quais começaram floridos e viram filmes de terror, várias vezes, durante o namoro, mostram a mocinha sabendo que o cara detesta trabalhar, adora a boemia, é instável, porém ela aposta numa improvável mudança.
Mais tarde, além dos outros defeitos, o marido passa a agredi-la, nunca abandona os bares, sempre acaba as madrugadas com uma piriguete.
O problema estava no fim do enredo ou era necessário rever o início e o meio dessa aventura?
Quantas situações não repetem esse exemplo?
É sensato esperar finais milagrosos caindo do céu se não preparamos o desfecho alegre com nossas atitudes desde o começo?
Escrevendo, há enorme espaço para fantasiar, pintando belas imagens num horizonte nublado, fugindo da realidade implacável.
Vale a pena deixar o ardor poético brilhar!
Apesar disso, é importante rejeitar as tintas ingênuas, tentando elaborar um final que empolga porque não contraria a lógica e o verossímil.
Queremos um mundo melhor, mais justo, menos agressivo.
Isso é possível lutar por conquistar.
Almejar, contudo, que o dinheiro nasça nas árvores é sonhar uma meta absurda e inalcançável.
* A inspiração tanto seduz e ousa falar alto quando escrevemos, porém precisamos ajudá-la, afastando os anseios bastante infantis os quais a própria fantasia reprova.
Dosando o ímpeto criador, as buscas otimistas e formosas, aspirações legítimas as quais os notáveis escritores guardam, permitirão brotar primorosos finais que, na mente do leitor, jamais terminarão, nunca cessarão de despertar a admiração, sempre continuarão estimulando incontáveis aplausos emocionados.
Um abraço!