A COMÉDIA HUMANA
Confesso que amo Balzac.Um amor de adolescente que permaneceu na mulher adulta e persiste na maturidade.
Fui influenciada por muitos autores como Cervantes,Vitor Hugo,Tolstoi,Eça e Faulkner,mas,nenhum me comoveu tanto e tanto me ensinou sobre a vida,como Balzac.
Assim que me formei em professora pela Escola Normal,em 1962 e comecei a trabalhar numa escola da nossa família,com meu primeiro salário comprei a “Comédia Humana”,de Balzac,em doze prestações que levaram todo o meu parco salário de professora.
A edição,de luxo, da Editora Globo,obras completas,tinha capa dura ,ilustrações em preto/ branco ,27 alentados volumes e introdução e prefácio de Paulo Rónai ,além de uma biografia de Balzac.Sim,senhor,sabia se fazer livros naquele tempo!
Quase vinte anos depois,uma surpreendente baixa; pediram-me emprestado a “Fisiologia do Casamento”,que constituía o volume XXVII,assim mesmo,em romanos, os estudos analíticos e e filosóficos da obra;pois,bem,nunca me devolveram.Ando procurando pelos sebos daqui e d’além –mar e ,felizmente,encontrei uma velha brochura na Estante Virtual. Hoje, não empresto nenhum livro a ninguém; prefiro comprar e presentear.
Personagens de Balzac,mais vivos do que nunca ,me acompanham a vida inteira;nunca mais se criou,na história da literatura,um personagem como Luciano de Rubempré,um médico como o Dr. Bianchon ou um banqueiro como Cesar Birotteau ou a lânguida Duquesa de Langeais.Sem contar Eugênia Grandet,tão lida e famosa.
Certamente,um bom escritor tem muitas facetas.Mas,a realidade de Balzac se sobrepõe á imaginação.
Seus personagens são os alpinistas sócias ,tão presentes ainda hoje,e os humilhados e ofendidos,hoje,ainda mais presentes.
Baudelaire o chamou “o romancista da energia e da vontade” mas, Balzac duela com o terror,as frustrações a ganância e nos mostra não só as paixões pessoais como as coletivas.Retrata toda a sociedade humana,em todos os tempos ou lugares.
Alguns personagens balzaquianos visam dinheiro,glória e fama;e,estão dispostos a tudo para tê-los.Mas,no fim do caminho encontram desgaste, velhice ,traição,perdas.E o prêmio é a morte.
A Pele do Onagro (La Peau de Chagrin) representa o desgosto,a visão do escritor sobre o mundo passageiro dos objetos,a inutilidade da busca pelo sucesso.
O tema central do Balzac social é a posse ,mas, o Balzac mítico se debruça nas perdas.
O mito de Tântalo condenado a nunca tocar nos frutos ao alcance da sua mão.Isso me lembra um pouco alguns escritores,como aliás,o próprio Balzac que em vida nunca auferiu do lucro da sua obra magnífica ou como Herman Melville,o autor de Moby Dick,que enquanto vivo só vendeu 12 exemplares de seu livro e só quase 70 anos depois ,sua obra conheceu o sucesso.
Um escritor muito á frente do seu tempo,Balzac cria Sèraphita,personagem meio homem,meio mulher,uma ambiguidade sexual que deixa perplexo o personagem Wilfri,que ao desejar a mulher Sèraphita,acaba abraçando o homem Sèraphitus.Uma das amantes de Balzac dizia que ele não criou criatura,mas,a própria criação.
A Literatura é capaz de derrotar a morte? Esta pergunta insidiosa de Balzac acompanha sempre seus personagens desde Luciano de Rubempré a Eugéne de Rastingnac dois “social climbers” ou o Pai Goriot,vítima da ambição e vaidade de suas filhas ou a Prima Bette,capaz de sinistramente criar uma trama que a liberte da humilhação a que fora submetida durante toda sua vida de parente pobre.
Agora,magnífico é o Coronel Chabert ,que depois de várias peripécias porque passou na guerra,voltando ,como herói para casa e sonhando cair nos braços da esposa,ela que o julgava morto,tinha se casado novamente e,ao perguntar quem era aquele homem que chegou tão diferente do que partiu,ele,derrotado ,respondeu:
_Sou o Coronel Chabert,morto em Eylau.
Balzac é o eterno,presente e sempre vivo contador de estórias vívidas e reais desta malta chamada humanidade.
Confesso que amo Balzac.Um amor de adolescente que permaneceu na mulher adulta e persiste na maturidade.
Fui influenciada por muitos autores como Cervantes,Vitor Hugo,Tolstoi,Eça e Faulkner,mas,nenhum me comoveu tanto e tanto me ensinou sobre a vida,como Balzac.
Assim que me formei em professora pela Escola Normal,em 1962 e comecei a trabalhar numa escola da nossa família,com meu primeiro salário comprei a “Comédia Humana”,de Balzac,em doze prestações que levaram todo o meu parco salário de professora.
A edição,de luxo, da Editora Globo,obras completas,tinha capa dura ,ilustrações em preto/ branco ,27 alentados volumes e introdução e prefácio de Paulo Rónai ,além de uma biografia de Balzac.Sim,senhor,sabia se fazer livros naquele tempo!
Quase vinte anos depois,uma surpreendente baixa; pediram-me emprestado a “Fisiologia do Casamento”,que constituía o volume XXVII,assim mesmo,em romanos, os estudos analíticos e e filosóficos da obra;pois,bem,nunca me devolveram.Ando procurando pelos sebos daqui e d’além –mar e ,felizmente,encontrei uma velha brochura na Estante Virtual. Hoje, não empresto nenhum livro a ninguém; prefiro comprar e presentear.
Personagens de Balzac,mais vivos do que nunca ,me acompanham a vida inteira;nunca mais se criou,na história da literatura,um personagem como Luciano de Rubempré,um médico como o Dr. Bianchon ou um banqueiro como Cesar Birotteau ou a lânguida Duquesa de Langeais.Sem contar Eugênia Grandet,tão lida e famosa.
Certamente,um bom escritor tem muitas facetas.Mas,a realidade de Balzac se sobrepõe á imaginação.
Seus personagens são os alpinistas sócias ,tão presentes ainda hoje,e os humilhados e ofendidos,hoje,ainda mais presentes.
Baudelaire o chamou “o romancista da energia e da vontade” mas, Balzac duela com o terror,as frustrações a ganância e nos mostra não só as paixões pessoais como as coletivas.Retrata toda a sociedade humana,em todos os tempos ou lugares.
Alguns personagens balzaquianos visam dinheiro,glória e fama;e,estão dispostos a tudo para tê-los.Mas,no fim do caminho encontram desgaste, velhice ,traição,perdas.E o prêmio é a morte.
A Pele do Onagro (La Peau de Chagrin) representa o desgosto,a visão do escritor sobre o mundo passageiro dos objetos,a inutilidade da busca pelo sucesso.
O tema central do Balzac social é a posse ,mas, o Balzac mítico se debruça nas perdas.
O mito de Tântalo condenado a nunca tocar nos frutos ao alcance da sua mão.Isso me lembra um pouco alguns escritores,como aliás,o próprio Balzac que em vida nunca auferiu do lucro da sua obra magnífica ou como Herman Melville,o autor de Moby Dick,que enquanto vivo só vendeu 12 exemplares de seu livro e só quase 70 anos depois ,sua obra conheceu o sucesso.
Um escritor muito á frente do seu tempo,Balzac cria Sèraphita,personagem meio homem,meio mulher,uma ambiguidade sexual que deixa perplexo o personagem Wilfri,que ao desejar a mulher Sèraphita,acaba abraçando o homem Sèraphitus.Uma das amantes de Balzac dizia que ele não criou criatura,mas,a própria criação.
A Literatura é capaz de derrotar a morte? Esta pergunta insidiosa de Balzac acompanha sempre seus personagens desde Luciano de Rubempré a Eugéne de Rastingnac dois “social climbers” ou o Pai Goriot,vítima da ambição e vaidade de suas filhas ou a Prima Bette,capaz de sinistramente criar uma trama que a liberte da humilhação a que fora submetida durante toda sua vida de parente pobre.
Agora,magnífico é o Coronel Chabert ,que depois de várias peripécias porque passou na guerra,voltando ,como herói para casa e sonhando cair nos braços da esposa,ela que o julgava morto,tinha se casado novamente e,ao perguntar quem era aquele homem que chegou tão diferente do que partiu,ele,derrotado ,respondeu:
_Sou o Coronel Chabert,morto em Eylau.
Balzac é o eterno,presente e sempre vivo contador de estórias vívidas e reais desta malta chamada humanidade.